R$ 6 mil
É o valor mensal do aluguel do Espaço Cênico.
Referência para a área teatral em Curitiba, o Espaço Cênico Produções Artísticas, idealizado em 1997 pela atriz, produtora e diretora Nena Inoue junto com Viviane Burger, corre o risco de fechar as portas depois de 14 anos de funcionamento, por conta de dificuldades financeiras para o pagamento do aluguel (de R$ 6 mil mensais) e gastos básicos com água, luz e manutenção.
Para se ter uma ideia da importância do local, já estiveram em cartaz peças como Murro em Ponta de Faca (com direção de Paulo José). Atualmente, Haikai (de Roberto Alvim), faz temporada. Ao longo desses anos, o Espaço Cênico fez parcerias com diversas companhias (hoje, o Grupo Delírio, de Edson Bueno, é sócio) e se dedicou à pesquisa teatral, além de ter realizado uma série de oficinas. O Cênico também se chamou Ateliê de Criação Teatral (ACT), de 2001 a 2009, quando Nena, junto com ator Luís Melo e o cenógrafo Fernando Marés, criou um núcleo de pesquisa dramatúrgica, além do projeto de circulação de espetáculos autorais com diretores convidados (entre eles Aderbal Freire Filho e Marcio Abreu).
A casa alugada uma antiga estufa de bananas se manteve independente (alguns espetáculos, como Haikai, tiveram apoio de leis de incentivo, mas com alguns dias de entrada gratuita como contrapartida). Apesar da vontade dos administradores, a situação se complicou. "O começo do ano é normalmente de vacas magras, e depois temos de correr atrás para compensar. Cansei um pouco de ter o espaço sem nenhum tipo de apoio. Ou você faz uma atividade meio shopping, como diz um amigo meu, ou realmente fica difícil", lamenta Nena.
Segundo a atriz, desde o início houve desequilíbrio financeiro não por incapacidade administrativa, mas sim pela dificuldade inerente em se manter atividades voltadas para pesquisa cênica. "Agora, acho que a cidade não reconhece a importância do espaço. Estamos em uma capital do estado que não tem edital de ocupação."
Autônomos
Foram parcerias com grupos de teatro, como o da atriz Carmen Jorge, e hoje com o de Edson Bueno (Grupo Delírio), que sustentaram o Espaço Cênico. "É um lugar perfeito. Você pode ensaiar e desenvolver o trabalho diariamente. É sua casa para pesquisar. Conseguimos manter com bastante dificuldade, e eu, particularmente, acho uma pena deixar o espaço", afirma Bueno.
Depois de uma postagem de Nena no Facebook, pessoas de várias áreas artísticas a procuraram para propor projetos que permitam a continuidade. "Estamos vendo o que é viável. Uma coisa é querer, outra é conseguir", diz a atriz. Caso as novas ideias não se concluam, o Espaço Cênico fecha em junho, após a apresentação de um espetáculo da Companhia do Latão, de São Paulo. O Delírio, conta Bueno, também terá de procurar uma nova casa. "O mais doloroso é entregar o espaço que serviu à cultura teatral de Curitiba todos esses anos de uma maneira brilhante. É uma pena deixá-lo, mas vou lutar até o último minuto."
Trajetória
Saiba um pouco mais sobre a história do Espaço Cênico:
1997 Abertura do local, coordenado por Nena Inoue e Viviane Burger.
1998/2000 Realização de atividades de formação (cursos, oficinas e workshops), montagens, ensaios, apresentações, debates e demais atividades das artes cênicas.
2001/2009 Criação do Ateliê de Criação Teatral (ACT), quando o ator Luís Melo e o cenógrafo Fernando Marés unemse a Nena Inoue. o ACT manteve oficinas permanentes de teatro e espetáculos de caráter autoral com diretores convidados (Aderbal-Freire Filho, Marcio Abreu e Roberto Innocente).
2009/2011 Retoma o nome de origem Espaço Cênico. Início do Projeto 70, uma pesquisa sobre o período da ditadura militar no Brasil. A Sutil Companhia de Teatro, de Felipe Hirsch, se associa na manutenção do espaço.
2011/2013 Sede é aberta a programações de grupos locais e de outras cidades do país. Início da parceria com o Grupo Delírio, de Edson Bueno. Em 2011, recebe a peçaMurro em Ponta de Faca, com direção de Paulo José. Neste ano, Haikai, sucesso no Festival de Teatro de Curitiba, também estreou no Espaço Cênico.