O "olho" do MON virou um símbolo turístico para Curitiba| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

Cronologia

Veja os passos e as discussões para a criação e transformação do museu:

• 1967 – O arquiteto Oscar Niemeyer elabora projeto do edifício que abrigaria o Instituto de Educação do Paraná, localizado no Centro Cívico.

• 1978 – O edifício é inaugurado e ganha o nome de Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco.

• 2002 – Criação do Novo Museu é anunciada pelo governador Jaime Lerner, com projeto de readequação e novo anexo feito pelo arquiteto Oscar Niemeyer.

• Junho de 2002 – Começa a readequação do prédio e a construção de um anexo, o famoso "Olho." Acervo é formado por obras do Museu de Arte do Paraná (MAP) e do extinto Banestado.

• 22 de Novembro de 2002 – O Novo Museu é inaugurado com a presença do arquiteto Oscar Niemeyer e do então presidente Fernando Henrique Cardoso.

• 2003 – Novo governador Roberto Requião inicia a gestão. Primeira-dama Maristela Requião é a nova diretora do museu.

• Julho de 2003 – Após reformulação da nova diretora, o museu é reinaugurado e batizado de Museu Oscar Niemeyer (MON).

• 2004 – Dadaísmo e Surrealismo, primeira grande exposição internacional do MON inaugura em Curitiba - foi a primeira cidade do país a receber a mostra. Teve público recorde: mais de 50 mil pessoas em 47 dias. Dois anos depois, obras do Museu de Arte Fuji, de Tóquio, foram apresentadas em Eternos Tesouros do Japão.

• 2012 – MON é eleito um dos 20 museus mais bonitos do mundo pelo site norte-americano Flavorwire.

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Depoimentos

"Com o tempo, o prédio (edifício Castelo Branco) virou um espaço burocrático, um prédio magnífico foi ocupado pela burocracia, colocaram tapumes e descaracterizaram o prédio de grande qualidade. Quando olhávamos para o prédio sabíamos que ele merecia uma outra destinação."

Jaime Lerner, ex-governador e idealizador do museu.

"O Paraná estava à margem de todo esse movimento artístico que incluía São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Meu objetivo era o de incluir o estado na rota das grandes exposições internacionais. Foi um objetivo que consegui."

Maristela Requião, ex-diretora do Museu Oscar Niemeyer (MON).

Em novembro de 2002, mais de 600 operários trabalhavam em três turnos para entregar uma obra ambiciosa que gerava críticas e aclamações na mesma intensidade – a do Novo Museu, atualmente Museu Oscar Niemeyer (MON), que no próximo dia 22 de novembro completa 10 anos. Depois dos questionamentos tanto sobre o valor da obra (que custou US$ 14 milhões de dólares, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento) quanto à gestão do espaço, já que existia o receio de o edifício virar um "elefante branco", veio uma unanimidade: o MON foi o primeiro espaço expositivo do Paraná com representatividade nacional.

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Antes do anúncio da readequação e construção do anexo, o famoso "Olho", pelo então governador Jaime Lerner em 2002, que viu no edifício o potencial para um museu, já havia uma batalha da classe artística que também não se conformava de ver o edifício, projetado em 1967 pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurado em 1978 para abrigar o Instituto de Educação do Paraná (Edifício Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco), apinhado de secretarias do governo (o local nunca foi usado com a vocação inicial de escola). "Tivemos de lutar contra mentalidades conservadoras que achavam um absurdo e totalmente inviável a construção", diz Maria Cecília Noronha, que dirigiu museus como o de Arte Contemporânea (MAC) e o de Arte do Paraná (MAP).

"A ideia de existir um museu digno sempre existiu na cabeça de muita gente", ressalta o ex-governador e autor da concepção do espaço. "Niemeyer transformou o prédio em um museu que se tornou referência."

Desde o início dos anos 1990, Maria Cecília encabeçou uma verdadeira saga junto com um grupo de interessados e artistas para convencer os governantes da importância de um lugar que, além de abrigar exposições, fosse adequado para guardar o acervo de obras de arte do Estado. "Por volta de 2000 surgiu a possibilidade do 'Guggenheim de Curitiba' (projeto que previa a instalação de uma filial do museu americano, mas não foi adiante). E a nossa proposta começou a se materializar", lembra Maria Cecília

A execução da obra, que começou em junho daquele ano, foi uma correria: o prazo era de pouco mais de cinco meses, já que no fim de 2002 o mandato de Lerner terminaria. "A execução foi um grande desafio, tínhamos apoio e um time muito engajado com ótimo nível técnico, embora os prazos fossem agressivos", relata o secretário de Assuntos Estratégicos do período, Alex Beltrão. A escolha do lugar, crê, foi "óbvia". "Um espaço privilegiado no Centro Cívico, além do exuberante Bosque do Papa ao fundo. Dez anos depois, percebemos quão acertada foi nossa decisão."

A diretora-presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra, Monica Rischbieter, que em 2002 ocupava o cargo de secretária estadual da Cultura, relembra que a obra foi "tumultuada, mas valeu a pena. O museu foi a grande virada das artes visuais do Paraná". As longas jornadas de trabalho se estenderam para toda a equipe, inclusive para o designer Oswaldo Miranda, o Miran, que criou a primeira identidade visual do Novo Museu. "Ficava sentadinho o dia inteiro na prancheta", conta Miran.

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Outra tarefa árdua, segundo Beltrão, foi convencer Niemeyer a assumir a "paternidade" do edifício Castelo Branco. "Era algo que ele renegava veementemente." Muito provavelmente, explica o historiador do MON, Ricardo Freire, isso ocorreu porque o arquiteto não gostou de ter um prédio seu com o nome de um militar. "Em 1966, Niemeyer se exilou na França por conta das pressões dos militares, já que ele era declaradamente de esquerda."

Ocupação

Depois da abertura das portas do museu e da rápida assimilação pelo público (no primeiro dia recebeu 6.200 visitantes), veio o novo governo e a gestão da ex-diretora Maristela Requião, que comandou o MON por oito anos. Jornalista de formação, Maristela se envolveu na área artística cedo, aos 17 anos, quando trabalhou na primeira galeria de arte da cidade, a Cocaco, e teve a sua administração marcada pela realização de exposições internacionais, além de, segundo ela, ter começado "do zero". "Não tinha estrutura, funcionários, segurança, nada. Por isso precisamos reformular para reabrir."

Para Maristela, antes do MON, o Paraná estava à margem dos movimentos artísticos. "Não existia um museu que recebesse exposições de grande porte. Meu objetivo era o de incluir o estado na rota das grandes exposições. E foi algo que acho que consegui." Em 2011, a artista plástica Estela Sandrini assumiu o comando do museu, dando continuidade ao trabalho anterior, pensando em novas ações e trazendo a pesquisa para dentro do museu.

Leia na próxima semana: O trabalho para a readequação do prédio e a arquitetura que é um chamariz turístico.

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