| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

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OSP faz concerto comemorativo aos 28 anos na quarta-feira

A Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP) apresenta nesta quarta-feira, 29, às 20 horas, no Guairão, um concerto comemorativo aos seus 28 anos.

Com a participação do violinista russo Alexander Trostiansky, a orquestra executa o Concerto para Violino e Orquestra, Op. 46, do compositor armênio Aram Khachaturian (1903-1978), e a Sinfonia Nº 3, do compositor brasileiro Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993).

O concerto homenageará o maestro, pianista e compositor curitibano Alceo Bocchino (1918- 2013), um dos fundadores da OSP. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Mais informações pelo telefone (41) 3304-7982.

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Animado com um quadro de bons músicos, um local próprio para ensaios e uma cidade no centro da economia brasileira, o atual regente titular e diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP) assumiu o posto em 2011 com um sonho: elevar a orquestra a um nível de qualidade que pudesse fazer frente à Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) – hoje, reconhecida como a mais importante do país.

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No terceiro ano no comando da orquestra paranaense, no entanto, o maestro português Osvaldo Ferreira enfrenta as mesmas limitações de todos os diretores artísticos que ocuparam sua posição – causadas, principalmente, pela escassez de recursos.

Falta dinheiro para programas que exijam formações instrumentais maiores e para a montagem de óperas; para circular no interior do estado e para apresentações fora do Paraná (e do país); para divulgar a programação; para gravações; para convidar solistas e maestros de renome internacional; para comprar e manter instrumentos. O trabalho de Ferreira na otimização da atuação da orquestra dentro destas limitações vem sendo reconhecido pelos próprios músicos. Mas a lista de deficiências segue.

"Há 28 anos encontrei à frente da orquestra problemas muito parecidos com os que ela tem até hoje", conta o maestro Osvaldo Colarusso, maestro titular da OSP durante 14 anos, a partir de sua fundação (leia sobre o concerto comemorativo ao aniversário da orquestra ao lado). O pianista Alvaro Siviero, que foi solista em nove concertos da orquestra, identifica uma falta de vontade política de resolver tais problemas que transcende os governos. "Faltou e falta uma vontade de reconhecer na OSP o papel de embaixadora cultural do estado", diz Siviero. "Vejo governos percebendo isso em outros estados e ganhando visibilidade."

Soluções

O governo do Paraná reconhece que a referência é a Osesp, mas não ambiciona tanto. Uma das razões fica clara na brutal comparação de orçamentos para a programação. A orquestra paulista, só com apresentações, gastou R$ 20 milhões em 2012. Em 2013, o orçamento efetivo da orquestra paranaense para este fim é de cerca de R$ 1 milhão (o que inclui gastos com contratações de instrumentistas que faltam no atual quadro de músicos).

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Mas, de acordo com o secretário de Cultura do estado, Paulino Viapiana, o governo tem planos para melhorar as condições da orquestra. Primeiro, concluirá a reforma do Guaíra e comprará os instrumentos. Depois, contratará mais cerca de 20 músicos. Quanto ao orçamento, o governo se valerá da entrada em vigor da Lei de Incentivo à Cultura do Paraná, para captar recursos para a orquestra; e, considerando que é necessário transformar a OSP em um ativo do estado para então atrair investidores privados – tal qual fez a Osesp –, ampliará o orçamento direto já em 2014.

Futuro

A migração para o modelo de gestão via Organização Social (OS) seria parte indissociável do processo, já que é a única solução viável, na opinião do governo, para contratar novos músicos. Na opinião dos integrantes da Associação dos Músicos da Orquestra Sinfônica do Paraná, esta é a questão mais importante a ser resolvida pela atual gestão. A intervenção seria urgente: a OSP caminharia rumo à extinção dentro de cerca de dez anos, já que não possui quadro próprio. Os cargos dos músicos não se renovam quando seus titulares se aposentam.

Para os músicos, a orquestra, fundada no governo de José Richa, teria no atual governador um aliado – Beto estaria especialmente comprometido com a continuidade de uma realização de seu pai. O governador foi procurado para comentar a questão, mas não respondeu à reportagem.

Os músicos defendem a criação de um quadro próprio para a orquestra, e temem o modelo de OS – salutar para questões operacionais, mas temerário do ponto de vista institucional, ainda que bem-sucedido no caso da Osesp. "Ou o governo dá o passo decisivo e estabelece a orquestra de vez, ou cria a OS e ela acaba em dois ou três anos", alerta Sebastião Interlandi Jr., flautista da OSP. "Reconhecemos a agilidade da OS, mas o modelo é frágil e pode se dissolver", diz. Casos como a recente ameaça de interrupção do apoio da prefeitura do Rio de Janeiro à Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira (FOSB) seriam exemplos desta fragilidade. "Nosso receio é de que sejamos passados para um limbo ao sabor do mercado", diz Interlandi. "Não existe cultura filantrópica no Paraná", complementa a violoncelista Adriane Savytzky.

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Viapiana ressalta a participação da sociedade na garantia da continuidade do apoio do Estado às orquestras. Mas garante que o governo entende a OSP como um serviço essencial para a cidadania, e que a ideia é que os paranaenses tenham tanto orgulho dela quanto os paulistas têm da Osesp. Um projeto que, vale lembrar, exigiu um alto investimento do Estado de São Paulo. "Não é tão caro que não seja viável", promete Viapiana.