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Esperanza se apresenta o novo disco no +55 na quinta | Divulgação/
Esperanza se apresenta o novo disco no +55 na quinta| Foto: Divulgação/

Desde que se lançou de fato no mercado musical, a banda Esperanza nunca pareceu muito interessada em prestar contas ao círculo alternativo universitário onde, há uns dez anos, fez seus primeiros shows e formou seu repertório, ainda em Curitiba. As canções do seu primeiro disco, ainda com o nome Sabonetes, em 2010, pareciam feitas sob medida muito mais para um universo radiofônico do que para um nicho de público mais crítico – ou chato, se você preferir.

Talvez por isso a pegada um tanto mais aprimorada do álbum “Esperanza”, de 2013, tenha sido recebida como uma boa surpresa e um sinal de que o grupo estava indo para uma direção mais esperta, curiosa. Tanto as letras quanto as ideias musicais traziam uma inquietação que caía bem.

Mas a Esperanza passa longe deste dilema estético no novo álbum “Z”, que a banda lança com um show no +55 nesta quinta-feira (16). Com produção de Kassin e sob o guarda-chuva da Sony Music, o grupo, de certa forma, volta à proposta inicial, apostando em um arsenal de petardos do pop rock mais persuasivo que você possa imaginar.

E faz isso bem. “Z” tem bons arranjos e timbres, levadas cativantes, formas bem acabadas, melodias entoativas – tudo é bem executado e eficiente.

É um pouco desanimador que a Esperanza tenha escolhido fazer isso abusando do pastiche, que faz as coisas soarem meio calculadas – do indie pop de “Perto de Mim” à balada à The Platters de “Malas Prontas”, passando pelo electro rock de “Aos Teus Pés”, pelo pop britânico sessentista de “Até o Fim” e pelo clima ensolarado de “Vem Pra Ficar”, cujo clipe foi lançado em fevereiro (e que remete tanto ao vídeo de “Young”, de uma banda de Dallas chamada Air Review, que fica difícil não falar em imitação). O trabalho não se arrisca além do indie rock mais localizado para cá dos anos 2000 e de receitas já testadas por Paralamas do Sucesso ou Skank. O resultado soa menos como uma celebração reverente do que como tiros certeiros para todos os lados.

Serviço

Esperanza

+55 (R. Vicente Machado, 866 – Batel), (41) 3322-0900. Dia 16, às 21 horas. Masc.: R$ 25. Fem.: R$ 15 (valores sujeitos a alterações sem aviso prévio). Mais informações no Guia.

Não é a falta de uma assinatura mais genuína, no entanto, o que fragiliza o trabalho. O problema são as letras intencionalmente criadas para não dizer quase nada. Tudo acaba embalando um discurso conscientemente alienado e minado por clichês. A maioria das faixas falam mais ou menos sobre a mesma coisa: fazer tudo o que quiser, jogar tudo pro ar, seguir o coração, ser feliz, não ter medo, ser você mesmo, esquecer o mundo. A Esperanza quer te levar para um mundo alto astral, mais leve e azul – o que não é nenhum problema se é isso que você quer da música que ouve. Mas pode ser que não seja para você.

Nem as gravadoras sabem bem ao certo o que tem potencial para estourar. Mas “Z” parece ser uma aposta nesta direção, e é provavelmente a principal cartada da banda, ainda que possa deixar alguns antigos seguidores descontentes pelo caminho. Poderia ser para eles, aliás, os versos mais significativos do disco, cantados em coro na penúltima faixa, “Não É Hora de Voltar”: “Respeito o sentimento de quem tem saudades / Mas não é hora de voltar / Ainda tenho muito para andar.”

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