Desde o sucesso do diretor James Cameron com Avatar (2009), os filmes de aventura e fantasia se tornaram boas práticas para as novas formas de tecnologia 3D, cada vez mais fascinantes e realistas. A isso se resume o filme Viagem 2 A Ilha Misteriosa, que chegou ontem aos cinemas e parece ser um bom filme de férias para as crianças, embora o referencial temático seja direcionado a um público mais adulto do que se possa supor.
A continuação de Viagem ao Centro da Terra O Filme mantém no elenco principal apenas o astro adolescente Josh Hutcherson, que interpreta o rebelde Sean Anderson, um jovem explorador obcecado com um sinal de rádio que pode levá-lo à famosa Ilha Misteriosa descrita no livro homônimo de Jules Verne (1828-1905) o autor francês de ficção científica cujo nome era até há pouco tempo grafado no Brasil como Júlio Verne. Com a ajuda de seu padrasto Hank (o impagável Dwayne "The Rock" Johnson), um ex-militar com grandes habilidades em decifrar quebra-cabeças, Sean consegue as coordenadas do lugar que seria não apenas o mesmo descrito por Verne, mas também por Robert Louis Stevensson em A Ilha do Tesouro e por Jonathan Swift em As Viagens de Gulliver.
A trupe que se aventura pela ilha mágica de animais gigantes e ouro vulcânico se completa com o tresloucado piloto de helicóptero Gabato (Luiz Guzmán) e sua filha Kailani (Vanessa Hudgens), além do avô de Sean, Alexander (Michael Caine) emissor do sinal que os atraiu para a ilha. À trama, somam-se mais referências confusas ao livro 20.000 Léguas Submarinas e à cidade perdida de Atlântida.
Visualmente, Viagem 2 tem todos os elementos de um verdadeiro espetáculo de imagens e efeitos especiais. A tecnologia 3D valoriza tanto o cenário fantástico quanto as cenas de ação que empolgam aqueles dispostos a viajar com o filme sem se importar com cenas insólitas, como o veterano ator Michael Caine montado em abelhas gigantes e Dwayne Johnson rebatendo frutinhas com os músculos peitorais. Obviamente, ver o ganhador de dois Oscars atuando com o ex-astro da luta livre (quando Johnson atuava com o apelido "The Rock") é certamente um acontecimento que combina com o ano bissexto de 2012.
O problema mais claro e recorrente nesse tipo de produção, no entanto, é o roteiro fraco com diálogos óbvios e ausência de qualquer surpresa. Por fim, fica a mensagem da fantasia e da aventura proporcionadas pelo ato da leitura, algo sempre valioso para ser transmitido em um filme infantojuvenil. Ainda assim, a suposta homenagem à obra de Jules Verne e a seus fãs fiéis chamados no filme de "verneanos" acaba saindo pela culatra. Em termos de imaginação, os escritores mencionados em Viagem 2 ganham com larga vantagem dos criadores do filme. GG
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