O Espião Que Sabia Demais é um daqueles filmes que, desde a sua concepção, já carrega consigo uma aura clássica. Não apenas pela ambientação histórica na Inglaterra dos anos 70 ou pela brilhante trilha sonora de Alberto Iglesias cujo tema principal, um cool jazz, remete a uma nostalgia dos próprios personagens ou ainda pela sensacional trama de espionagem que envolve diversos personagens e reviravoltas, mas sobretudo, por seu ritmo. O diretor sueco Thomas Alfredson (de Deixe Ela Entrar) não parece preocupado em prender a plateia a qualquer custo na trama intrincada por natureza do livro homônimo de John Le Carré. Pelo contrário: força uma atenção do público e tira boa parte da passividade da função de espectador.
A trama propõe uma imersão no período decadente do serviço secreto britânico, o MI-6, que, graças a sua má-organização, ganhou a pejorativa alcunha de O Circo. É de lá que sai George Smiley (numa brilhante atuação de Gary Oldman), que deixa a organização após uma desastrosa operação em Budapeste (Hungria) resultar na morte de um importante agente. Aposentado, Smiley figura recorrente na literatura de Carré está preparado para deixar tudo para trás, mas um palpite de seu antigo chefe (John Hurt) de que um dos membros remanescentes do Circo é um agente duplo a serviço dos soviéticos, o coloca em uma investigação silenciosa e secreta, em que a confiança é a maior moeda de troca.
O flerte com os filmes noir da década de 1940 aproxima o período histórico do longa e a época em que o livro foi escrito, sem, contudo, forçar um visual retrô. A fotografia impecável e a direção de Alfredson, que preza por tomadas à distância, de janelas, frestas e esquinas, confere a O Espião Que Sabia Demais um clássico visual de filme de espionagem, como se tudo exigisse uma privacidade e uma discrição pouco alcançada nos tempos atuais de superpopulação e câmeras de vigilância.
Por fim, a atuação contida e com pouca emoção de Gary Oldman faz do protagonista George Smiley um anti-herói: impotente, traído, enganado e ainda assim sereno, demonstrando uma disciplina e fidelidade obtida durante os anos de espionagem e a obstinação em ajudar a limpar o nome do serviço secreto.
GGGG
Serviço: O Espião Que Sabia Demais - França/Alemanha/Reino Unido, 2011. Direção de Thomas Alfredson. Playarte Pictures. Para locação. Drama.
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