“Estamos com dificuldade de recursos, tecnologia e pessoal”, diz Cordiolli

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Leia abaixo, com exclusividade, a parte da entrevista à Gazeta do Povo em que o presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Marcos Cordiolli, fala sobre transparência e patrimônio histórico.

Você já sentiu seu cargo ameaçado?

Em nenhum momento. Tanto o prefeito quanto a vice-prefeita Miriam Gonçalves (PT) sempre reconheceram a qualidade da nossa gestão dentro das perspectivas do governo. O prefeito tem entendido que toda nossa atuação faz parte de um processo complexo.

Como o senhor autoavalia sua gestão?

De fato recebemos um relatório de transição que não nos permitiu um planejamento inicial adequado. Havia uma grande expectativa sobre esse governo e nós colocamos uma expetativa mais alta do que conseguimos realizar. Neste sentido preciso reconhecer que alguns compromissos precisam ser repactuados.

Quais foram os maiores erros?

Avançamos pouco no campo da formação. Os cursos de capacitações não deram o resultado que esperávamos. Também erramos por um ano e meio na direção de nossa área de patrimônio. A pessoa e o modelo que escolhemos não funcionou. E hoje estamos correndo contra o tempo.

Uma das principais críticas da classe artística é que a gestão privilegia os "eventos" a outras políticas culturais mais permanentes. Como você recebe essa crítica?

Essa crítica é infundada. Todo ato cultural é um evento. O que motiva esse evento é o que importa. Por isso, rompemos com o conceito da Virada Cultural baseado em shows de grandes artistas pagos com dinheiro público. Nossas ações são eventos motivados para constituir público para os artistas locais, construir interlocução dos nossos artistas com nomes de outros locais e também ofertar artistas nacionais de graça, mas sempre com dinheiro de parceiros privados patrocinando. Nós sabemos que temos uma necessidade de produção e precisamos de editais em todas as linhas. Também temos uma preocupação com circulação, temos que ter a pesquisa em linguagens diversas. O problema é equacionar essas demandas. O Fundo Municipal e o mecenato não ampliaram os recursos, mas as linguagens aumentaram e nós precisamos fazer o orçamento crescer para avançar.

Para tanto, estamos redimensionando os editais. Eles eram verdadeiras "colchas de retalho". Nós estamos repensando isso para uma política mais ampla e creio que isso, sim, tem afetado privilégios e interesses, mas isso é para o bem da cidade.

E quanto à questão da transparência dos gastos da FCC?

Estamos com dificuldade de recursos, tecnologia e pessoal para darmos conta da publicação dos atos. Nem conseguimos avançar na cultura digital como política pública. Ainda não anunciamos, mas já está pronto o nosso site para atender às regras da lei da transparência. Quando assumimos havia um problema sério com o site da FCC. A gestão anterior optou por não fazer o site através do Instituto Curitiba de Informática (ICI) que comanda toda a área tecnológica da prefeitura. Nós levamos meses para que o site fosse incorporado ao nosso contrato de gestão com o ICI. O site da lei da transparência está com um modelo defasado e a gente não tinha como mexer nele. Primeiro precisávamos que o ICI assumisse a responsabilidade do site. Conseguimos isso e, em breve, o novo site estará no ar. Além disso, as consultas públicas vão ser feitas por formulário digital e não mais por e-mail que era outra demanda da classe artística.