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Personagem João Ernesto só ajuda a reforçar clichês errôneos sobre a política | Divulgação
Personagem João Ernesto só ajuda a reforçar clichês errôneos sobre a política| Foto: Divulgação

Cinema

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A dois dias das eleições, chega aos cinemas a escrachada comédia O Candidato Honesto, protagonizada por Leandro Hassum como o presidenciável João Ernesto, um corrupto incorrigível que tenta chegar ao Palácio do Planalto. É, sem dúvida, o timing perfeito para o lançamento do filme, dirigido por Roberto Santucci com roteiro de Paula Cursino (de Até Que a Sorte Nos Separe). O problema é que o longa-metragem, que começa bem, segue ladeira abaixo.

O filme abre com uma sátira de propaganda política – das melhores e mais bem-produzidas– sobre João Ernesto, que foi presidente do Sindicato de Motoristas de Ônibus. Após sofrer um acidente na empresa, passa a lutar por mais direitos aos trabalhadores e segue carreira na política. Fica a dúvida se a semelhança é mera coincidência ou se é uma menção ao ex-presidente Lula.

Depois da propaganda, no entanto, Hassum (que, na pele do político, tem um discurso ensaiado e convincente muito bem-preparado por seu assessor) inicia os jogos sujos: acordos com diferentes bancadas, envolvendo muito dinheiro na cueca e em malas, luxo, mulheres e enganação. Nas vésperas do segundo turno das eleições, um escândalo, chamado de "mesadinha", estoura, e ele corre o risco de perder para o adversário que, até então, tinha intenção de voto irrisória nas pesquisas.

O jogo continua, mas tudo piora para João Ernesto depois que a avó lhe joga uma "mandinga" antes de morrer (é, talvez, a única parte do filme que garante alguns risos). No leito de morte, ela deseja que o neto não consiga mais mentir, e se torne a pessoa mais honesta que ele puder ser. A "praga" pega e o candidato começa a dar com a língua nos dentes.

Clichês

O principal problema de O Candidato Honesto é reforçar o pensamento que mais afasta o brasileiro da política: de que todos os políticos são ladrões, desonestos, e que não há ninguém trabalhando seriamente, o que é uma inverdade. Frisa uma série de preconceitos e, ainda por cima, com um humor tão escrachado que perde totalmente a graça. A imprensa também não é poupada e é colocada o tempo todo como uma articuladora totalmente manipulável.

Outra questão incômoda é em relação à mulher: o personagem de Hassum desqualifica o tempo todo a sua esposa (a atriz Júlia Rabello) e a jornalista vivida por Luiza Valdetaro consegue se aproximar do candidato pelo "par de pernas". Uma sucessão de erros, que só reforça lugares-comuns.

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