Foi um relacionamento fugaz, mas que deixou marcas. As primeiras referências a ela me foram feitas à beira de uma mesa com frutos do mar, em um agradável restaurante em Antonina. Mas ali, confesso, fiquei meio desconfiado sobre a beleza da moça de tanta história em Curitiba.
No entanto, a lembrança daquela tarde agradável me acompanhou. Depois, li sobre ela, que exibia-se em páginas de jornais, revistas e redes sociais. Até que um dia esbarramos em um supermercado. Toquei-a e, mesmo sendo um pouco fria no início, levei-a para casa.
Depois desse primeiro encontro, eu não a abordei nem a pressionei. Fomos namorando de longe. Mas, uma noite, aconteceu. Nos entregamos, ou melhor, ela se abriu e eu me entreguei. Foi o que bastou para me apaixonar.
Como trabalho até tarde da noite, nossos encontros aconteciam na madrugada e eram breves, mas muito prazerosos. Despediamo-nos sem querermos nos deixar. Ou, ao menos era o que eu sentia. Ela simplesmente se fechava.
Sabia que não era apenas minha, mas de milhares. Todos que a tiveram entre as mãos não conseguiram ficar indiferentes. É uma qualidade dela e isso me deixa feliz, embora um pouco enciumado.
Mas, como tudo na vida, um dia acaba. Agora ela é página virada e eu retornei ao meu relacionamento anterior. Quando ela me seduziu, eu estava com o Cristovão Tezza e voltei a ele sem remorsos nem culpa.
Maria Batalhão foi e é um grande romance e eu o recomendo a todos.
Dante Mendonça, o autor do livro, conseguiu unir história, crônica, romance e até um pouco de música e poesia em uma narrativa atraente. Junta Lima Barreto com Dalton Trevisan e canções populares. Se vale de livros de história e jornais. E constrói um personagem que conta décadas do "Lado B" de Curitiba e parte do Paraná.
Um livro com sexo, mistério, romance, urbanismo, crime e história. Dante, com um texto fluido, de bom humor e um ritmo mais grudento do que música de novela nos prende em uma história improvável, mas que realmente aconteceu. Isto é, o livro é, ao mesmo tempo, literatura de ficção e registro histórico.
Esta encruzilhada é um grande mérito e um grande problema. Quase nunca sabemos ao certo o que é real e o que é inventado. O escritor soube muito bem fazer a amarração da narrativa que prende o leitor. Mas, por vezes, a história se perde em detalhes e referências históricas. Esta preocupação de incluir notas reais ou introduzir uma piada pode afastar o leitor da narrativa principal. É um risco.
Não deve ter sido fácil domar o texto em torno de tantas informações, referências e personagens. Só alguém com muita experiência, domínio da técnica e criatividade poderia ter cumprido a tarefa com a competência de Dante Mendonça.
Por isso eu recomendo. Se você vir a Maria Batalhão em alguma livraria ou supermercado, não se faça de tímido. Passe a mão nela e vocês se apaixonarão.
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