Um escritor de Los Angeles que estabeleceu um recorde ao passar 25 horas jogando um jogo de realidade virtual em primeira pessoa ficou imaginando quanto tempo alguém poderia durar em uma experiência que ele considerou intensa e avassaladora.
Derek Westerman, de 32 anos, aceitou o desafio depois de experimentar realidade virtual pela primeira vez no começo deste ano. Quando ele descobriu que não havia um recorde mundial para o maior tempo gasto com um capacete de realidade virtual, ele propôs a façanha para Super Deluxe, uma produtora de vídeos humorísticos para o YouTube.
Para o desafio, Westerman passou 25 horas fazendo trabalhos artísticos tridimensionais no jogo Tilt Brush. A cada hora Westerman começava uma nova pintura e trocava de posição entre ficar de pé, sentar ou deitar no chão.
Westerman considerou a possibilidade de desistir conforme ficou cada vez mais cansado. Para conservar energia, ele pintou de maneira extremamente lenta. A certa altura, ele vomitou no balde vermelho
Durante a provação, uma equipe de apoio alimentou Westerman com algumas fatias de pizza e um burrito de frango do Chipotle. O livro dos recordes do Guinness exigiu dois observadores para manter um registro minuto-a-minuto das ações de Westerman. Não era permitido que ele dormisse ou parasse de jogar. Idas ao banheiro foram substituídas por um balde vermelho.
Westerman considerou a possibilidade de desistir conforme ficou cada vez mais cansado. Para conservar energia, ele pintou de maneira extremamente lenta. A certa altura, ele vomitou no balde vermelho.
Westerman, que no fim das contas disse que se tratou de uma grande de experiência, não voltou a usar um capacete de realidade virtual desde que estabeleceu o recorde mundial há um mês. Por 24 horas após a experiência, Westerman disse, tudo pareceu sinistro. Gastar um dia em realidade virtual mudou a maneira de seu cérebro registrar o espaço. Objetos à distância pareciam estranhos, como se não fossem reais.
HTC, a fabricante do capacete que Westerman usou, recomenda que usuários de realidade virtual façam intervalos periódicos. Um porta-voz da HTC disse que a empresa não tem nenhuma recomendação oficial de quanto tempo alguém pode usar um capacete Vive. Google, o fabricante do jogo que Westerman jogou, não quis comentar sobre recomendações de quanto tempo alguém deveria passar jogando.
Westerman ficou aliviado que os efeitos passaram em um dia.
Adaptação
Nossos sentidos são capazes de se adaptar bem a circunstâncias novas e diferentes, disse o professor da Universidade de Maryland Amitabh Vershney, que lidera os esforços de pesquisa sobre realidade virtual da instituição. Varshney lembrou um experimento no qual um professor austríaco equipou seu assistente com óculos que invertiam sua visão, virando o mundo de ponta cabeça. Ainda que inicialmente confuso, ele logo foi capaz de desempenhar atividades cotidianas tais como andar de bicicleta.
Varshney disse que a experiência de Westerman ressalta o progresso em capacetes e jogos de realidade virtual, que está fazendo alguns usuários realmente considerarem gastar períodos mais extensos de tempo com seus capacetes.
“Se você experimentasse realidade virtual há alguns anos sua experiência seria radicalmente diferente da de hoje”, disse Eric Romo, presidente da empresa AltSpace, que cria softwares de realidade virtual. “A inabilidade das pessoas passarem muito tempo em realidade virtual não é um problema tão grande quanto as pessoas pensam.”
No começo deste ano, um alemão passou 48 horas usando um capacete de realidade virtual e jogando. A certa altura, ele se queixou de que seu coração estava acelerado, algo que ele mais tarde concluiu que se tratara de um ataque de pânico. Mas após a experiência ele estava de bom humor
Romo atribui a mudança ao lançamento recente de novos capacetes, inclusive o novo HTC Vive e o Oculus Rift, além de melhores jogos e experiências em realidade virtual.
No começo deste ano, um alemão passou 48 horas usando um capacete de realidade virtual e jogando. A certa altura, ele se queixou de que seu coração estava acelerado, algo que ele mais tarde concluiu que se tratara de um ataque de pânico. Mas após a experiência ele estava de bom humor.
Varshney disse que a náusea de Westerman é um lembrete de que os efeitos da nova tecnologia sobre a saúde ainda não foram bem estudados, o que deixa os usuários largamente por conta própria para se certificarem de que não a usem demais.
Westerman, que estava preocupado com possíveis problemas de saúde, disse que uma breve pesquisa no Google o levou a alguns posts em fóruns de discussão alertando a respeito de problemas de foco na visão após longos períodos de realidade virtual. No fim das contas, ele disse, uma visão de mundo niilista o levou a ir adiante. Dado seu gosto por filmes extremamente longos, Westerman considerou que conseguiria ir até o fim.
Westerman acredita que seu recorde será quebrado em pouco tempo e recomenda a experiência, mas não arriscará uma nova maratona. Ele comparou a decisão com ter assistido a um filme favorito pela primeira vez e não querer revê-lo por receio de que isso arruíne a memória positiva.
“Maximizei o que eu queria”, disse Westerman. “Simplesmente não vou perseguir esse dragão de novo.”
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