Após publicar 34 livros, escrever 11 novelas, sete séries e microsséries, o autor Walcyr Carrasco resolveu levar para a ficção parte do que viveu em sua infância em Marília, a 450 quilômetros de São Paulo. De lá, tirou a ideia de gravar a trama em alguma fazenda da região, explorar a temática da paleontologia (em 2009, um estudioso do município encontrou fósseis na cidade) e retratar a cultura japonesa, por causa da presença das colônias orientais em Marília. A Globo aprovou a sinopse.
Assim, Walcyr e o diretor Rogério Gomes, conhecido como Papinha, levaram o projeto adiante. Com uma verba média de R$ 450 mil por capítulo, Papinha e mais 29 profissionais fizeram as malas para o Japão para dar início ao novo folhetim das 19h, Morde & Assopra, que estreia nesta segunda-feira (21). Foram 15 dias de gravações. No total 50 cenas captadas. Entre elas, imagens nos arredores do jardim do Palácio Imperial e no bairro Akihabara, a meca dos eletrônicos. E mais sequências no Monte Fuji, um dos cartões-postais do Japão. Por uma triste coincidência, há cerca de um ano, Walcyr programou para que, já no primeiro capítulo da novela, houvesse um terremoto. Papinha seguiu o roteiro.
Em Tóquio, no Japão, gravou algumas passagens do abalo sísmico. No Rio, locou um terreno em Curicica, bairro da zona oeste, escalou 70 figurantes, construiu uma maquete de 144 metros quadrados e, durante dez dias, gravou a simulação. Walcyr e sua equipe nem imaginavam que, quatro meses depois, a ficção viraria realidade. "Fiquei muito triste com tudo o que aconteceu no Japão. Torço para que a cultura milenar vença a adversidade", disse o autor.
Walcyr reforça que a novela só pretende entreter com as duas temáticas centrais: robótica e paleontologia. A primeira será representada pelo personagem de Mateus Solano: Ícaro. No folhetim, o médico, apaixonado por tecnologia, vê sua mulher, Naomi (Flávia Alessandra), morrer num passeio de barco e cria um robô com as feições dela. Apesar do tom de comédia da relação entre Ícaro e os robôs, é o segundo tema que promete arrancar risadas dos telespectadores, com as confusões da família do fazendeiro viúvo Abner (Marcos Pasquim). Ele tem sua terra invadida pela paleontóloga Júlia (Adriana Esteves) e sua equipe - a assistente Virgínia (Bárbara Paz) e o recém-formado Cristiano (Paulinho Vilhena). Obviamente, uma relação de briga e paixão vai surgir entre Abner e a bela cientista.
E como o novelista Walcyr Carrasco adora um bichinho de estimação em suas tramas - como a pata Doralice, de "Alma Gêmea" (2005), e o macaco Xico, de "Caras & Bocas" (2009) -, Tonica (Klara Castanho), filha de Abner, terá uma mini vaca, chamada Coração.
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