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A mostra que abre para o público hoje, no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, provavelmente entusiasmaria de Paulo Leminski. O poeta e escritor paranaense gostava de cultura japonesa, era faixa preta no judô, e admirava um homem em particular: Matsuo Bashô. Era o maior mestre dos haicais, poesias japonesas de três versos. Viveu no século 17 e deixou um legado tão rico que o brasileiro lhe dedicou um livro, A Lágrima do Peixe.

Além de poeta, Bashô era um exímio caligrafista. No Japão, quem tivesse destreza no ofício, era tratado como artista. Para comprovar, basta ver de perto o manuscrito de Bashô que estará exposto no MON juntamente a outras 119 raridades trazidas do Museu de Arte Fuji de Tóquio. Elas integram a mostra Eternos Tesouros de Japão, e poderão ser visitadas no MON até o dia 19 de novembro.

Além das caligrafias, a exibição conta com pinturas em biombos, gravuras, utensílios em laca, armaduras, espadas, e móveis concebidos entre os séculos 13 e 19, representando as principais escolas de arte japonesas. O coordenador do corpo curatorial da mostra, Akira Gokita, explica que a exposição é pautada pelo acervo da instituição. "Dentro dessa reserva técnica, o período Edo é o mais representativo. A nossa intenção era chamar mais atenção para peças dessa época, mas antecedidas pelas obras do período Momoyama e seguidas de outros períodos", explica. Na cultura japonesa, os períodos representam a passagem das eras e a respectiva transformação política e social.

Tirando o sapato

Gokita conta que as obras que integram a mostra raramente deixam o Japão. "Trata-se de uma oportunidade única, inspirada por esse belo espaço, em que sentimos que as peças seriam realmente valorizadas", diz. A direção do Museu Fuji recusou-se a deixar a mostra ir para São Paulo e Brasília, autorizando apenas a montagem no MON, por um período de três meses. Ninguém fala em números, mas Gokita confirma que o valor dos objetos "é inestimável".

Da parte do museu curitibano, foi necessário adequar o "olho" para receber as valiosas e frágeis peças japonesas. O chão foi erguido para abrigar um sistema de climatização que controla a temperatura e a umidade do ambiente. Os vidros foram escurecidos e divisórias pretas foram construídas, incorporando um sistema de iluminação específico para a mostra (particularmente valioso ao ressaltar a função reflexiva do ouro aplicado aos biombos).

A exposição consumiu cerca de R$2,3 milhões (patrocínios de Banco do Brasil e Copel) e receberá um ingresso específico de R$ 10 (R$ 5 para estudantes). Quem quiser subir ao "olho", também terá de tirar o sapato. A presidente do museu, Maristela Requião, explica que motivos técnicos e culturais motivaram a exigência. "Os biombos, por exemplo, estão sem proteção. Entrada de visitantes com sapatos exigiria um processo de limpeza mais constante e a nossa equipe de limpeza sequer está autorizada a tocar nas obras. Por outro lado, no Japão as pessoas tiram os sapatos em sinal de respeito", esclarece. Cada visitante ganhará uma sacola para guardar o calçado e uma meia grossa para pôr no pé e transitar pelo chão acarpetado do espaço expositivo.

Serviço: Eternos Tesouros do Japão. Museu Oscar Niemeyer – MON (R. Mal. Hermes, 999), (41) 3350-4400. Terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas. R$10 (adultos) e R$ 5 (estudantes). Ingresso para outras áreas do museu é cobrado separadamente. Informações: www.museuoscarniemeyer.org.br

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