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Esqueça esse papo de diva, de artista intocável. Maria Rita agora quer mostrar seu lado humano, até então escondido por conta da enorme expectativa que cercou os primeiros passos de sua aventura musical. Passada a tensão da estréia, a cantora de 28 anos volta aos holofotes com um novo CD, Segundo, disponível nas lojas brasileiras e portuguesas desde ontem. Produzido por ela e o compositor pernambucano Lenine, o álbum traz a filha de Elis Regina mais à vontade no estúdio e afiada para deslanchar uma carreira internacional.

Após passar boa parte da vida nos EUA – onde mora o pai, o pianista Cesar Camargo Mariano –, Maria Rita resolveu seguir sua intuição e investir na própria voz. Encarou de frente as comparações com a mãe e gravou, em 2003, um dos CDs brasileiros de maior sucesso dos últimos anos. O registro, auto-intitulado, vendeu 800 mil cópias em todo o mundo. Recebeu disco de platina triplo, DVD de diamante e, em Portugual, CD de platina. De quebra, a cantora ganhou dois prêmios no Grammy Latino e fez 160 shows dentro e fora do país.

"Para qualquer artista, a dificuldade maior está no segundo disco, pois é a hora de o cara provar a que veio realmente. No meu caso, foi o contrário. Recebi tanta pressão no primeiro que dessa vez as coisas foram mais tranqüilas", diz a mãe do menino Antônio, de um ano. Em entrevista coletiva concedida na quarta-feira, em São Paulo, Maria Rita fez questão de realçar sua porção "comum". "Não sou festeira, tenho poucos amigos, minha equipe é pequena. Faço tudo para ser normal", garante.

Questionada sobre as possíveis razões de sua ascensão meteórica, ela afirma que prefere não pensar muito no assunto. "Eu não entendi na época e continuo não entendo, para não ficar me apegando às explicações que possam surgir. Acho que é a melhor forma de encarar tudo isso", afirma. A artista só perde a paciência quando o nome de Elis Regina vem à tona. "As comparações não me incomodaram e não me incomodam. E ponto".

Gravado no estúdio carioca Toca do Bandido – construído pelo primeiro produtor da cantora, Tom Capone, morto em 2004 –, Segundo conta com o apoio de um time variado de compositores. A primeira música de trabalho, "Caminho das Águas", foi escrita por Rodrigo Maranhão, um dos autores mais requisitados do momento. Marcelo Camelo, do grupo Los Hermanos, assina duas faixas, "Casa Pré-fabricada" e "Despedida". Outro Marcelo, o Yuka, aparece com "Minha Alma (A Paz que Eu Não Quero)", conhecida do público da MTV na interpretação da banda O Rappa. Há ainda nomes como Paulinho Moska, Dudu Falcão, a dupla Edu Lobo e Chico Buarque e o uruguaio Jorge Drexler (vencedor do Oscar de melhor canção pelo tema de Diários de Motocicleta).

"Acho que as letras, assim como o som, refletem esse momento mais intimista, de calmaria, da minha vida", explica a intérprete, que considera o co-produtor Lenine um de seus maiores ídolos. "Foi muito importante ter a opinião dele. Principalmente, porque ele também é artista, e entendeu e respeitou o meu processo artístico".

Prestes a cair na estrada com sua nova turnê (que começa na próxima quinta-feira, no Rio de Janeiro, e passa por Curitiba no dia 28 de outubro, no Guairão), Maria Rita só se diz assustada com a falta de controle sobre sua trajetória profissional. Não em termos musicais, mas no sentido estratégico e mercadológico. "A carreira internacional, por exemplo, eu só achei que seria possível daqui a dez, 15 anos. Mas isso tem um lado bom, que é perder um pouco da ansiedade. Se você não tem muito controle, pode deixar a vida te levar", diz.

Mercado

* A matriz da gravadora Warner determinou que Segundo seja lançado e trabalhado (ou seja, divulgado de forma eficiente) em nível mundial. Isso quer dizer que as lojas de mais 50 países receberão o CD até fevereiro de 2006.

* A expectativa da gravadora é vender 700 mil cópias do CD nos próximos 12 meses (o equivalente às vendas do primeiro disco de Maria Rita em dois anos).

* Perguntado sobre a quantia investida pela Warner no lançamento do álbum, o diretor de marketing da companhia, Marcelo Maia, desconversou: "O valor é compatível com o tamanho da artista". Na insistência da pergunta, preferiu dizer que se trata de uma "decisão estratégica da empresa". Até quando a indústria fonográfica brasileira vai esconder seus números?

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