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O cd começa bem. "Love Show" tem uma batida agradável, refrão pegajoso (no bom sentido) e letras românticas. "Sente-se, dê-me sua mão/ Eu vou prever o futuro/ Eu vejo você vivendo feliz/ Com alguém perfeito para você/ Alguém como eu", canta Skye (Edwards é o sobrenome que não usa) na faixa de abertura de seu primeiro disco-solo, Mind How You Go – por um desses fenômenos do acaso, lançado no Brasil pela Warner antes de sair nos EUA.

Ao lado dos irmãos Paul e Ross Godfrey, Skye foi vocalista da banda Morcheeba, famosa por canções como "The Sea", parte do álbum célebre Big Calm. A última notícia que se teve do Morcheeba no Brasil foi a coletânea Parts of the Process, lançada em 2003. Hoje, sabe-se que eles estão vivos porque aparecem na lista de agradecimentos de Mind How You Go.

Depois de começar bem, o fato é que o disco de Skye se ressente da ausência dos Godfrey. Se, na banda, o som era carregado de ritmo, com influências de blues e funk, agora, Skye tende muito mais às generalidades do pop, com produção cuidada, bastante acompanhamento eletrônico, um violoncelo aqui, um violão acústico ali (o que acontece em "No Other", por exemplo).

Assim como na propaganda do xampu veiculada nos anos 80, a voz de Skye continua a mesma (já seus cabelos, quanta diferença). O problema é saber o que fazer com essa voz. Quando deixaram a produção do disco Feeling, de David Byrne, gravado no início dos anos 90, para tentar andar pelas próprias pernas, os Godfrey tiveram dificuldade em vender suas músicas instrumentais. Só quando conheceram a londrina Skye é que viram nela a peça que faltava para o Morcheeba deslanchar. A voz.

Hoje, você pega "Stop Complaining", a faixa dois de Mind How You Go, e entende que existe uma interdependência. Não basta a garota ter uma voz linda e cantar bem. Sem músicos também talentosos, uma vocalista sozinha não consegue ganhar altitude (para usar a metáfora do vôo solo).

No fim, Skye é só uma bela voz. Às vezes, isso basta. Músicas como "Calling" e "What’s Wrong With Me" não resistem a uma audição mais cuidadosa. São fáceis, agradáveis e esquecíveis. Outras ("Tell Me about Your Day" e a já citada "Love Show") são boas o suficiente para fazer lembrar de como Skye se encaixava perfeitamente no Morcheeba e parece deslocada fora dele. O grupo parece bem. Contratou Daisy Martey (de uma banda chamada Noonday Underground) e, no ano passado, lançou The Antidote, algo próximo do formato acústico, inédito no mercado nacional. GGG

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