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Assumindo-se os estereótipos, pode-se dizer que "Quatro Irmãos", uma das estréias de cinema do fim de semana em Curitiba, é uma produção voltada quase que exclusivamente ao público masculino, aquele que gosta de uma fita policial com muita ação e doses exarcebadas de violência. Mas isso não é necessariamente um demérito quando o diretor da fita é John Singleton, responsável pelo ótimo "Boyz in The Hood – Os Donos da Rua" e a razoável refilmagem de "Shaft", garantindo que o que se verá na tela não será meramente tiros e sangue.

O cineasta parte da premissa do filme "Os Filhos de Katie Elder", com John Wayne e Dean Martin, mas em vez do Velho Oeste, o cenário é uma Detroit em pleno inverno, coberta de muita neve. Os quatro irmãos do título são ex-deliqüentes juvenis, filhos adotivos da adorada Evelyn Mercer (Fionula Flannagan, de Os Outros). O assassinato da antiga benfeitora faz a turma novamente se reunir na capital automobilística do mundo.

Bobby (Mark Walhberg), Angel (Tyrese Gibson), Jeremiah (André Benjamim, da dupla Outkast, do megasucesso "Hey, Na!") e Jack (Garrett Hedlund) tomaram caminhos diferentes, muitas vezes tortuosos. Não estão tão bem na vida, mas acabaram conseguindo escapar de um futuro perigoso que se anunciava para todos na adolescência. Apesar de estarem separados há muito tempo, a união que sempre houve entre eles não foi esquecida. E ela é o ponto de partida para o início da vingança que o quarteto planeja para aqueles que tiraram a vida da matriarca Mercer. Como era de se esperar, nem tudo é o que parece ser, e a morte de Evelyn esconde muito mais do que poderia se supor. Os irmãos investigam o caso e, a cada nova descoberta, vão se aproximando dos poderosos e da corrupção da cidade.

A direção de Singleton é eficiente e direta, sem muitas firulas e subterfúgios, como pedem os bons filmes do gênero. Seus toques mais originais podem ser percebidos na ótima trilha sonora, que domina a metade da produção, enquanto as coisas não esquentam de verdade na história. O filme abre muito bem com "Somebody to Love", do Jefferson Airplane, que toca no rádio do carro da veterana Evelyn (os filhos descobrem depois que ela tinha até ingresso guardado da ida ao festival de Woodstock), seguindo por uma sucessão de petardos da black music da lendária Motown, a cargo principalmente de Marvin Gaye e The Temptations.

Como esperado, a ação toma conta na segunda parte da fita, com os irmãos Mercer partindo para cima de quem estiver no caminho de sua cruzada. Furos no roteiro aparecem aqui e ali, mas nada que atrapalhe o bom andamento da produção. Os níveis de violência sobem bastante, de forma exagerada até, mas essa é a realidade do cinema americano atual (talvez sempre tenha sido, em níveis maiores ou menores) e não há nenhuma surpresa quanto a isso. No final, para comprovar que a testosterona predomina, há até um mano a mano entre os antogonistas da história (sabe briga de colégio com todo mundo em volta torcendo?), que deve fazer a festa dos valentões de plantão. Boas atuações, trilha sonora de primeira, ação na medida certa. Talvez o único problema seja convencer sua namorada a acompanhá-lo nessa empreitada (nada que uma fita romântica adocicada não compense).

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