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Em abril, o cantor e compositor Bob Dylan se apresenta em cinco cidades brasileiras. Curitiba não está na rota do músico americano, e os fãs paranaenses que quiserem vê-lo poderão comprar, a partir de amanhã, ingressos para os shows em São Paulo, que custam de R$ 150 a R$ 900. Muitos não vão medir esforços para assistir Dylan, um ídolo para gerações. Mas a agenda repleta de shows internacionais que vêm ao Brasil logo no primeiro semestre de 2012 tem potencial para tirar o sono de quem gosta de música. Quem dá conta de tudo isso?
INFOGRÁFICO: Confira a lista de shows internacionais no 1º semestre
Alguns shows internacionais ocorrem em Curitiba nesse período: as atrações do festival Lupaluna Smash Mouth, Concrete Blonde e Gene Loves Jezebel , nos dias 18 e 19 de maio; Credence Clearwater Revisited, em 14 de março, Roxette, em 8 de maio. Mas se o paranaense quiser assistir a um show por mês fora do estado por exemplo, Morrissey, Joe Cocker, Björk (no festival Sónar) e, digamos, André Rieu , vai gastar, no mínimo, quase R$ 1,4 mil só em ingressos. Somados os custos da viagem, trata-se de um impacto e tanto no orçamento. Mesmo os maiores amantes da música estão tendo de escolher.
Oportunidade
"Geralmente pago até R$ 300 por um ingresso. Mas, dependendo do artista, não tenho como me negar a pagar um pouco mais", diz o engenheiro químico André Fuhrmann, de 22 anos, que vai ao festival Lollapalooza. Para a estudante de direito Mirian Knopacki, de 25 anos, que vai ao mesmo festival, o esforço vale, sobretudo, quando o artista é de fora. "Raramente vou a shows daqui. A gente se acomoda, porque eles estão perto", diz a estudante, que reclama da estrutura das casas em que se apresentam os artistas nacionais. "Já os de fora são oportunidades únicas. A última vez em que os Foo Fighters vieram foi em 2001. Vai que a banda acaba?", diz.
O senso de oportunidade se aplica a artistas como Roger Waters, que, embora tenha passado pelo Brasil em 2007 e 2008, tem um público cativo. Além disso, o músico britânico vai apresentar, desta vez, o lendário álbum The Wall (1979), do Pink Floyd (banda da qual foi líder e baixista). Seus fãs fazem parte do tipo de público que viaja muito em busca dos ídolos, de acordo com o diretor da agência de turismo MDTur, Diego Medroni. Para o empresário, há perfis como o dos que vão a festivais ou shows de música pop. Estes são menos ligados a artistas específicos, e refletem uma classe média em ascensão. "Concomitantemente à facilidade de se trazer megabandas e shows, com a queda do dólar, a população brasileira começou a ter mais dinheiro", diz Medroni. É um público que, às vezes, gasta até R$ 100, R$ 150 em bares daqui", diz. Somente no primeiro semestre, nove excursões para shows estão montadas pela MDTur.
A tendência é que o aquecimento continue, de acordo com Alexandre Faria, diretor artístico da empresa de entretenimento Time For Fun responsável pelos shows de Waters, Dylan, Demi Lovato e 3 Doors Down, dentre outros. Além da estabilidade econômica no país e da queda do dólar, as crises econômicas na Europa e nos Estados Unidos fazem do Brasil um mercado mais atraente. "Outro fator relevante está no aquecimento da indústria de shows", diz Faria. "Há 10 anos, cerca de 80% do faturamento de um artista vinha da venda de álbuns e os outros 20% de shows e diretos autorais. Hoje essa lógica está invertida, ou seja, 80% do faturamento vêm de suas turnês e produtos em torno delas."
Critérios
Num cenário com tantas opções à vista, nem sempre é fácil decidir. "Quando mais de uma atração que gosto vem ao Brasil, costumo verificar a importância da banda e o custo-benefício para mim", diz o designer de produto Vitor Parise, de 22 anos, que já assistiu a cerca de 30 shows desde 2005. "Não me importa viajar e pagar mais caro pelo ingresso quando realmente gosto da música" diz.
A dona da loja de quadrinhos Itiban, Mitie Taketani, também teve de acionar seus critérios para escolher o show a que iria. Pronta para ir ao Loollapalooza, soube de boatos de que o ex-vocalista do Smiths, Morrissey, viria ao Brasil. "Escolhi o Morrissey. Sempre priorizo os que vão morrer primeiro. Não que eu deseje isso. Mas, cronologicamente, é o mais provável", brinca.
Outro condicionante para Mitie foi o acordo que fez com a filha, Tami, de 16 anos, que vai ao Loollapalooza. "Às vezes temos as mesmas paixões e ouvimos as mesmas músicas", diz. No entanto, o dinheiro também vem do mesmo bolso. "Tivemos que negociar", diz.
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Colaboraram Victor Hugo e Juliana Girardi.
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