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A exposição “Por trás da máscara - 50 anos de Persona” é um passeio fantasmagórico pelos bastidores de um dos filmes mais simbólicos e difíceis do cineasta sueco Ingmar Bergman (1918-2007).

Exposição sobre Ingmar Bergman em cartaz em São PauloMario Miranda Filho/Agência Foto

Nos anos 1960, Bergman havia assumido a direção do teatro nacional da Suécia e estava até o pescoço com afazeres burocráticos, definhando num escritório onde passava 12 horas por dia.

Uma coisa leva a outra e Bergman teve uma infecção pulmonar que o deixou perto de uma pneumonia. No tratamento, ele acabou sofrendo uma intoxicação por penicilina (os antibióticos, em vez de ajudarem, acabaram piorando a situação). Ele foi parar no hospital.

De cama, começou a usar toda a angústia da situação em que vivia para escrever a história sobre a relação exasperante de duas mulheres.

Uma atriz (Liv Ullmann) tem uma síncope no palco e fica muda. Outra mulher (Bibi Andersson) assume os cuidados da atriz. Elas vão então viver numa espécie de delírio bucólico em que terão suas identidades misturadas, confundidas, distorcidas.

O mais legal da exposição é, exatamente, os recursos que tem para ajudar a entender o que “Persona” significa. Não só o que aparece na tela, mas também o que o filme significa para a história do cinema.

Um curta-metragem exibido dentro da exposição explica a introdução do filme, uma série de imagens abstratas e outras nem tanto em que Bergman chega a explorar o aspecto físico do celuloide. Há um fotograma que queima e várias imagens subliminares (algo que, mais tarde, influenciaria David Fincher em “Clube da Luta”).

Na entrada, cortinas e biombos de tecido reproduzem cenas do filme. É impressionante as imagens dos rostos das atrizes, um ao lado do outro, em grandes dimensões. No meio da sala, a enfermeira vivida por Bibi Andersson aparece em tamanho real, projetada em um tecido fino, cercada de meia-luz. É quase como se ela estivesse ali.

Por trás da máscara - 50 anos de “Persona”

Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149 - estação Brigadeiro do metrô), (11) 2168-1776/1777. Classificação indicativa: 14 anos. Entrada gratuita. De terça a sexta, das 9h às 20h; sábado, domingo e feriado, das 11h às 20h. Até 6 de novembro.

A exposição veio para o Brasil numa colaboração do Itaú Cultural com a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e com o Bergmancenter. Esta é a primeira vez que “Por trás da máscara” deixa a Ilha de Fårö.

Para cinéfilos, o que pode ser um pouco frustrante são os objetos relacionados à “Persona” que estão expostos no Itaú. Todos eles são reproduções (com exceção de uma e outra página de diário de Bergman). São reproduções os óculos de sol usados por Bibi Andersson e a máquina fotográfica de Liv Ullmann (a imagem dela mirando a câmera para a lente de Bergman e para o público no cinema ficou ainda mais simbólica depois que foi usada na capa das memórias de Liv, publicadas no Brasil pela Cosac Naify).

Você sai da exposição entendendo que “Persona” não é um filme como outros, que não dá para vê-lo da forma como a gente está acostumado a ver um filme. (Irinêo Baptista Netto)

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