"Geração coca-cola" antes de ser uma canção do Legião Urbana foi título de um livro de Pascoal Melantônio, publicado em 1958, que fala da primeira geração de roqueiros do Brasil. É possível que o nome tenha servido de inspiração a Renato Russo. Raul Seixas confessou em entrevista gravada que o "Rock das aranhas" foi plágio de um rock norte-americano chamado "Killer dealer". Ainda disse ao repórter que quando ele meteu a mão "ficou bonito". Considera-se o primeiro rock gravado no Brasil a música "Rock 'n' roll Copacabana", composição de Miguel Gustavo, interpretada por Cauby Peixoto, em 1957.

CARREGANDO :)

Essas e outras curiosidades podem ser vistas e ouvidas na exposição multimídia "Arquivo do Rock Brasileiro", que começa nesta quarta-feira (11) no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo, celebrando o Dia Mundial do Rock (13 de julho). O projeto multimídia resgata as origens do rock brasileiro, enfatizando o período de sua formação, de 1955 a 1979, com gravações raras digitalizadas e biografias que poderão ser acessadas através de computadores.

A exposição, que ficará em cartaz no MIS de 11 de julho a 5 de agosto, contará com capas de discos, filmes, livros e revistas de época, gravações e discos raros em vinil, objetos e peças de colecionadores, filipetas, cartazes, livros e objetos em geral, além de imagens dos fotógrafos Mário Luiz Thompson e Conceição Almeida e do acervo de Antônio Aguillar. Todo esse material constrói um panorama sobre as mudanças de comportamento da juventude urbana brasileira, a partir da segunda metade da década de 50.

Publicidade

- É o projeto de maior porte já feito no Brasil sobre o rock nacional - diz o curador da mostra, Ayrton Mugnaini. Grande parte do material que será exposto é formado pelo acervo pessoal de Ayrton e por doações de colecionadores e artistas. A idéia é continuar ampliando o acervo e manter tudo exposto na internet.

Além de fotos raras, discos, livros, revistas, recortes de jornais e gravações, há roupas e pertences de artistas. Mugnaini conta que há uma gravação de Jô Soares cantando um rock chamado "Vampiro" e um LP da banda "Incríveis" que só foi lançado na Argentina em 1965. Outra preciosidade é uma foto de Celi Campelo em uma festa na sua casa tocando "Banho de lua" cercada de amigos.

Em outra foto está Rita Lee vestida de presidiária, no tempo em que sofreu prisão domiciliar por porte de maconha, fazendo festa (e graça) em sua casa. Há fotos do principal guitarrista da tropicália, Lanny, e do contrabaixista e produtor Liminha. O público pode conferir uma gravação de uma apresentação de Os Mutantes no programa Jovem Guarda em 1965, quando o grupo anida se chamava Six Sided Rockers.

Além da exposição multímidia, o MIS programou uma série de longas e curta metragens sobre o rock nacional para o mês de julho. Marcos Kurtinaitis, coordenador de audiovisual do museu, destaca a série de documentários "A história do rock brasileiro", produzidos pela TV Cultura, e os curtas "Tanta estrela por aí...", em que Rita Lee interpreta Raul Seixas numa anárquica história baseada em caso real ocorrido com o cantor quando foi contratado por dois políticos rivais para se apresentar em seus comícios, e "Rock paulista", um clip documental reunindo alguns dos artistas mais expressivos do rock de São Paulo, como Titãs e Ira!, na época em início de carreira.

Entre os longas, vale conferir "1972", uma história de amor entre um jovem aspirante a astro do rock e uma garota de classe alta em meio à efervescente vida cultural do Rio de Janeiro em 1972, "Absolutamente certo", filme que contém as primeiras menções ao rock and roll no cinema brasileiro e "Wood & Stock – sexo, orégano e rock 'n' roll", uma grande homenagem aos personagens criados por Angeli. Os velhos hippies Wood e Stock resolvem armar uma reunião de sua antiga banda, a Chiqueiro Elétrico, para um concurso. Rita Lee faz a voz de Rê Bordosa.

Publicidade

Confira as exposições em cartaz em Curitiba, no Guias e Roteiros

Serviço: Arquivo do Rock Brasileiro - De 11 de julho a 5 de agosto, no MIS - Térreo - O MIS fica na avenida Europa, 158. Funcionamento: de terça a domingo, das 10h às 18h. Ingressos (espaços expositivos): R$ 3. No sábado, a entrada é franca. Tel.: (11) 3062-9197/ (11) 3088-0896