Em uma provocação ao presidente interino Michel Temer, a presidente afastada Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira (19) que a extinção do Ministério da Cultura é “pura demagogia” e ressaltou que as mulheres não querem ser tratadas como um “fetiche decorativo”.
Em bate-papo com seguidores nas redes sociais, a petista criticou a ausência de mulheres no primeiro escalão do governo peemedebista e disse que aquelas que recusaram convite para assumir a Secretaria Nacional de Cultura têm “consciência de gênero”.
Em dezembro, em carta-desabafo à presidente afastada, o peemedebista usou também o termo “decorativo” para definir seu espaço à época no governo federal. Ele disse que passou os primeiros quatro anos da administração petista como um “vice decorativo”.
“Eu acredito que as mulheres não querem ser tratadas como um fetiche decorativo. Ao contrário do que alguns pensam, as mulheres têm apurado senso crítico e, por isso, são muito sensíveis a todas as tentativas de uso indevido da sua condição feminina”, disse.
A petista lembrou que o MinC foi criado em 1985, com a redemocratização do país após a ditadura militar, e avaliou que “não é uma coincidência” que uma das primeiras medidas da gestão interina foi o rebaixamento da estrutura.
“É como se eles quisessem voltar ao passado autoritário. Uma secretaria nacional de Cultura não tem a capacidade de atender às demandas e necessidades culturais da população. Não tem a estrutura necessária para atuar, levando em conta a amplitude, a complexidade e a diversidade cultural brasileira”, disse.
A presidente afastada avaliou ainda que o orçamento destinado ao Ministério da Cultura é “irrisório em termos absolutos” e que sua extinção não representa uma economia significativa para as contas públicas, o que torna a iniciativa “pura demagogia”.
“O golpe em marcha ameaça o próximo passo do processo para transformar a economia da música do Brasil no próximo setor a se tornar superavitário. Portanto, essa propalada economia com o corte do Ministério da Cultura é pura demagogia”, disse.
Temer prometeu, no entanto, não só manter o orçamento da Secretaria de Cultura como repor as perdas ocasionadas pela inflação nos últimos anos.
Críticas
O corte do Ministério da Cultura e a ausência de mulheres no primeiro escalão têm sido criticados tanto por entidades da área como por movimentos de esquerda.
Para arrefecer as críticas, o presidente interino decidiu indicar representantes do sexo feminino para o comando de secretarias e estatais, como direitos humanos e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Nesta quinta-feira (19), Temer também fez questão de receber a bancada feminina da Câmara dos Deputados.
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