A apresentação do Extreme no Teatro Positivo nesta quinta-feira (11), às 20h30, marca o retorno do grupo de rock norte-americano ao Brasil depois de muito tempo. A última vez que o quarteto de Boston estive por aqui foi há 23 anos, no festival Hollywood Rock, em 1992, quando o grupo se apresentou para um dos maiores públicos de sua carreira, no Rio de Janeiro.
A volta ao Brasil, que também inclui datas em São Paulo (13), Rio de Janeiro (14) e Porto Alegre (16), coincide com a turnê comemorativa aos 25 anos do disco “Extreme II: Pornograffitti”, o segundo e mais bem-sucedido trabalho do grupo – que inclui a famosa balada acústica “More Than Words”.
A turnê consiste em tocar “Pornograffitti” na íntegra. Em entrevista por telefone à Gazeta do Povo, no entanto, o guitarrista Nuno Bettencourt promete entregar mais no show desta quinta-feira, que terá abertura do guitarrista norte-americano Richie Kotzen (Poison e Mr. Big).
O virtuose da guitarra diz que ele, Gary Cheron (voz), Pat Badger (baixo) e Kevin Figueiredo (bateria) estão muito melhores que da última vez e vão fazer de tudo para compensar os mais de 20 anos em que deixaram os fãs na mão. Confira como foi a conversa:
Por que o Extreme demorou tanto para voltar ao Brasil?
Esta é uma ótima pergunta. Eu não tenho ideia. É uma daquelas coisas que, para ser honesto com você, me deixam muito constrangido. É muito vergonhoso que não tenhamos voltado por tanto tempo. É meio perturbador, na verdade. Mas acho que a primeira coisa a fazer é pedir desculpas e tentar compensar isso.
Que tipo de show podemos esperar depois de tanto tempo?
A boa notícia é a seguinte. Na maioria das vezes, quando você vê uma banda depois de 25 anos, você diz – ‘uh, eu não sei se eles deveriam estar tocando’, ou ‘eles não parecem ser os mesmos’. Acho que o interessante de estarmos voltando agora é que, sinceramente, acredito que estamos muito melhores que daquela vez. Eu sinto que nós temos tanta paixão em estar no palco quanto daquela vez. Mas também acho que, musicalmente, como instrumentistas e cantores, nós temos muito mais qualidades. Eu sei que muitos músicos dizem isso, e às vezes não é verdade. Mas, por mais estranho que pareça – e eu sei que faz muito tempo que estivemos aí no Brasil – acho que vamos continuar de onde paramos.
Você se lembra dos shows de 1992, no Hollywood Rock?
Eu lembro! Isso é o mais louco de não termos voltado: foram algumas das maiores plateias para as quais já havíamos tocado, alguns dos fãs mais apaixonados que já encontramos e um dos nossos momentos mais emocionantes. Eu não consigo acreditar em todos esses anos que se passaram até voltarmos. Nós íamos até os produtores e eles diziam que nós não iríamos nos sair bem, que não nos queriam de volta. Os motivos para não voltarmos sempre foram muito confusos. Não deixamos de voltar porque não queríamos. Mas perguntávamos por que não podíamos excursionar aí de novo e sempre surgiam estas desculpas. É inacreditável. Devíamos ter ido por conta própria (risos).
Serviço
Teatro Positivo – Grande Auditório (R. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), (41) 3317-3283. Dia 11, às 20h30 (abertura do teatro às 19h30). Os ingressos variam entre R$ 176 (inteira) e R$ 91 (meia-entrada) e R$ 326 (inteira) e R$ 166 (meia-entrada), de acordo com o setor. Assinantes da Gazeta do Povo têm 50% de desconto Povo na compra de até dois ingressos (titular e um acompanhante). Mais informações no Guia.
Como é revisitar o “Pornograffitti” ao vivo?
É legal. É interessante fazer isso. A princípio eu fiquei um pouco cético quanto a fazer isso, mas acho que os
fãs parecem gostar de ouvir o álbum todo. Mas, você sabe, eu acho que, ao voltar ao Brasil, talvez eu tivesse preferido não tocar tanto do Pornograffitti, e sim o material todo. Porque faz tanto tempo desde que estivemos aí... Mas acho que vamos ao menos tentar tocar o máximo de canções que pudermos depois de tocar todo o Pornograffitti.
Como o quê?
Como o quê? Ora, eu não quero arruinar tudo (risos). Mas você sabe, algumas canções de cada um dos álbuns.
“Pornograffitti” é considerado uma espécie de álbum definitivo do Extreme. Isso é um fato para a banda também?
Acho que é definitivamente o primeiro álbum em que nós, embora fôssemos jovens, descobrimos o que o Extreme era, qual era o nosso som. Todos os diferentes elementos, combinações, um lado mais funk do rock-and-roll, as harmonias – acho que tudo veio junto neste segundo álbum. Acho que foi onde nós meio que acordamos.
O disco tem o maior hit da banda, “More Than Words”. Vocês perceberam o potencial que a canção tinha antes de lançá-la?
É interessante. Acho que a banda percebeu. Mas não acho que alguém mais percebeu. A gravadora não queria lançar. Ela disse exatamente com estas palavras: “Isso não é um hit”. E disseram que não iriam lançar. Eu realmente lutei para que esta canção fosse lançada, porque, na época, a música era bem original. Ainda não havia os acústicos da MTV, por exemplo.
Como você compara este álbum em relação ao anterior e aos que vieram depois?
Acho que houve um crescimento ali. Para o bem e para o mal. O primeiro álbum era de canções e demos que fizemos ao longo dos anos, de quando éramos muito mais jovens. E o “III Sides to Every Story” (1992) foi um grande salto para nós. Tocamos com orquestra e tudo mais, foi muito especial para nós. Algumas pessoas com quem conversamos preferem o “III Sides...” ao “Pornograffitti”. Mas é uma questão de gosto.
Quais são os próximos passos do Extreme? Em que tipo de material estão trabalhando?
Eu estou compondo o tempo inteiro. Estou sempre trabalhando em material novo para o Extreme. Espero lançarmos uma ou duas novas canções até o fim do ano. Mas definitivamente devemos começar no ano que vem a trabalhar em um novo álbum. E, com o Extreme, eu nunca sei o que esperar. Nós sempre achamos que vamos fazer um certo tipo de disco e sempre acabamos fazendo outro. Então é sempre diferente do que esperamos.
Com 30 anos de banda, como está a convivência entre vocês?
Nós tivemos um período em que não estivemos juntos. Tivemos problemas, como em qualquer banda. Acho que fizemos turnês por tempo demais, sem pausa. Mas acho que agora estamos muito unidos. Estamos bem mais velhos e crescemos bastante.
Gostaria de mandar mais alguma mensagem para os fãs?
Escutem. Como eu disse. Por mais arrependido que eu esteja por não termos voltado desde o festival Hollywood Rock, isso me deixa ainda mais animado para voltar e tocar. Sei que vamos nos divertir muito e espero que, a partir deste show, voltemos a cada ano, ou a cada dois anos. O que aconteceu não vai acontecer de novo. Nós estivemos um pouco perdidos, mas podemos começar uma nova relação.
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