Algumas questões precisam ser esclarecidas antes de qualquer comentário sobre A Menina e o Porquinho, longa-metragem que estréia hoje nos cinemas de todo Brasil. Primeiro: não se trata de uma daquelas produções que exploram a figura simpática de filhotinhos. Segundo o título da versão em português desvaloriza o filme inspirado em um dos maiores clássicos da literatura infanto-juvenil de todos os tempos.

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Baseada no livro Charlotte’s Web (A Teia de Charlotte), do escritor norte-americano E.B. White, a fita, dirigida por Gary Winick, usa muito bem as novidades tecnológicas do cinema para dar vida à bela história do criador de aventuras memoráveis (como Stuart Little).

O fio condutor da trama é a amizade. Ao nascer, o porco Wilbur é tão nanico que quase é sacrificado. O fazendeiro John Arable desiste da idéia diante dos argumentos poderosos da filha, Fern, interpretada pela atriz-mirim Dakota Fanning (de Guerras dos Mundos).

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Depois de ser criado como um bebê, Wilbur é obrigado a se separar de sua amiga e protetora. Os pais da garota decidem que é hora do suíno ficar fora de casa. Por conta disso, a melhor opção para Fern não se distanciar tanto dele é levá-lo para morar na propriedade do tio.

No celeiro da família Zuckerman, o porquinho se sente só. Quer brincar, fazer amigos. Conhece uma série de animais, cada um deles com uma personalidade diferente. Alguns ranzinzas, outros conformados com a vida, além daqueles que não têm opinião própria.

Mas é quando ele conhece a aranha Charlotte, até então tratada como um ser asqueroso pelos demais animais, que nasce a mais improvável de todas as amizades. Constrói-se a partir daí laços muito fortes de fidelidade e cooperação.

Será Charlotte, através de suas teias, que vai evitar um final trágico para o amigo: virar prato na ceia de Natal. É também pelas suas bem tecidas palavras que vários "milagres" acontecem no lugar.

Fiel ao texto de White, a produção reúne um time de estrelas: Julia Roberts empresta a voz à aranha Charlotte; Robert Redford dubla o cavalo Ike; a divertida Kathy Bates e a cantora country Reba McEntire surgem na pele das vacas Bitsy e Betsy. Também marcam presença John Cleese, Oprah Winfrey, Thomas Haden Church e Steve Buscemi, entre outros. Pena que não existem cópias legendadas nas salas brasileiras.

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Também vale a pena destacar a presença das ilustrações de Garth Williams no longa-metragem. Os desenhos, criados exclusivamente para o livro (publicado em 1952), dão um charme especial ao filme. Importan-te: separe uma boa caixa de lenços de papel antes de sair de casa. As lágrimas são inevitáveis. GGGG 1/2.