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Le Maraviglie, de Alice Rohrwacher – que recebeu o Grande Prêmio do Júri em Cannes – foi o destaque de ontem das sessões prévias para a imprensa do Festival de Nova York. O filme, que segue o cotidiano de uma família de apicultores de uma zona rural da Itália, é uma fábula moderna sobre as alegrias e as dores de fazer parte de uma família de apicultores que mal sobrevive negociando mel.

A história é centrada em Gelsomina (Alexandra Lungu) – a mais velha de quatro irmãs que vivem sob as rígidas regras do pai (Sam Louwich) – e que vê num concurso de televisão a chance de escapar daquele mundo. Para descrever as maravilhas, metáforas e os simbolismos do seu filme, Rohrwacher conta que ajudou muito ter nascido numa cidade da Toscana. "É uma região que tem muita história e eu queria falar sobre o sentimento do que é viver encravado na tradição, principalmente da situação dos jovens", diz.

A escolha de uma família de apicultores para retratar os personagens não foi aleatória, pois deriva de uma vivência pessoal da diretora. "Quando era mais jovem, eu trabalhei como apicultora. Talvez conheça mais as abelhas do que as pessoas e por isso, além de retratá-las, tive muito cuidado, fiquei atenta ao que a ambiência local poderia me fornecer".

Alice esclarece que embora A Estrada da Vida, de Federico Fellini, seja um dos seus filmes preferidos, não foi dela a ideia de colocar na protagonista o nome de Gelsomina, a inesquecível personagem vivida por Giullieta Masina no clássico de 1954 do diretor italiano. "O nome foi dado pelos pais da garota. Se houve homenagem, partiu deles. Isso é uma prova como pessoas simples também possuem cultura", ressalta a diretora concordando que a tevê é praticamente um personagem na trama.

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