Um tipo de nostalgia dos anos 60 percorre a comédia francesa "Faça-me Feliz", dirigida e estrelada por Emmanuel Mouret. O próprio Mouret interpreta o protagonista, o inventor Jean-Jacques, um homem que tenta o tempo todo namorar, mas nunca consegue. O filme estreia em São Paulo. Com um estilo quieto-trapalhão que lembra Jacques Tati e Buster Keaton, Jean-Jacques só queria curtir um sábado a dois com a namorada, Ariane (Frédérique Bel, de "Eterno Amor"). Mas uma série de incidentes, incluindo o telefonema de uma desconhecida, interrompem o romance, lançando-o numa rota de perigo. Cai nas mãos de Jean-Jacques um bilhete amoroso que um amigo costuma usar para conquistas ditas infalíveis. Ele resolve testar a técnica e consegue uma admiradora incondicional, Elisabeth (Judith Godrèche, de "Potiche - Esposa Troféu). Jean-Jacques desiste da brincadeira, mas a moça se apaixona. Amuada, a namorada acha que agora ele tem que ir até o fim para que a relação entre os dois prossiga sem fantasias. Por conta dessa estranha insistência de Ariane, ele acaba topando um encontro amoroso com Elisabeth em seu apartamento. No endereço luxuoso, Jean-Jacques fica logo intimidado pelas condições para entrada - como um gigantesco código numérico para abrir a porta e um elevador falante que só se movimenta caso ele diga a frase certa, o que demora para adivinhar. Um segurança o espera lá em cima e insiste em revistá-lo antes de entrar. Lá dentro, a decoração é um verdadeiro museu, com fartura de estátuas e instalações modernosas. Não escapa nem o banheiro. Já se sentindo o próprio estranho no ninho, o inventor ainda descobre que Elisabeth é, nada menos, do que a filha do presidente da república (Jacques Weber). O que dá oportunidade a um rocambolesco encontro entre Jean-Jacques e dois diplomatas japoneses, num incidente envolvendo vasos de porcelana. A noite é longa e atribulada para Jean-Jacques, uma vez que Elisabeth convoca uma festa no apartamento e o convidado arruma uma porção de acidentes entre a cozinha e a cortina. A presença bondosa de uma bela empregada, Aneth (a belga Déborah François, de "A criança"), acende novas promessas. Mas esse rapaz é muito otário e muito azarado também. "Faça-me feliz" realiza um tipo de humor muito francês, que nem sempre viaja bem para adaptar-se ao paladar brasileiro. Ainda assim, sua sutileza é um alívio bem-vindo.
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