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O que aconteceria se o presidente americano, George W. Bush, fosse morto? Por tentar responder a essa pergunta, e por encenar o assassinato do homem mais poderoso do planeta, o filme "The death of a president" (veja trailer), do inglês Gabriel Range, tornou-se um assunto incendiário. O longa dividiu o público americano entre pessoas abismadas com a ousadia do cineasta e outras que defendem o direito de expressão. Seja como for, duas das maiores cadeias de exibição dos Estados Unidos se recusaram a projetar o falso documentário (fake-documentary, sem data de estréia por aqui).

Vencedor do prêmio da crítica do Festival de Toronto 2006, o filme estreou nos EUA no fim de outubro, mas ficou restrito ao circuito alternativo. Hoje, está em cartaz em apenas uma sala. A Regal Entertainment Group, dona de 6.300 telonas, e a Cinemark USA, que opera 2.500 salas, recusaram-se a exibir o longa. Um porta-voz da Regal disse que a empresa "não acha apropriado retratar o assassinato de um presidente". O debate chegou ao Congresso e até a senadora democrata Hillary Clinton, rival de Bush, disse que a idéia do filme é deprimente.

Nas entrevistas sobre seu falso-documentário, Gabriel Range se defende: "Não é um filme antiamericano. O assassinato do presidente é retratado como algo horrível, com conseqüências horríveis", disse ao site About.com. "Os críticos o vêem como uma celebração à morte de Bush. Mas qualquer um percebe que não é isso. O crime é o ponto de partida para uma série de questionamentos sérios que temos enfrentado nos últimos cinco anos", explicou.

O falso documentário investiga as circunstâncias do assassinato de Bush, que acontece em 19 de outubro de 2007, após um discurso em Chicago. A caminho da limusine, o presidente leva um tiro. O longa é recheado com depoimentos de atores no papel de pessoas próximas a Bush, como assessores e agentes responsáveis por sua segurança, além de suspeitos. Mas o que o torna mais interessante é que exibe imagens reais. O próprio diretor filmou discursos de Bush para montar a seqüência de sua morte, e usou imagens do vice-presidente Dick Cheney falando no funeral de Ronald Reagan na cena do enterro de Bush.

O tom crítico de Range aparece com força na segunda metade do filme. Com pressa para desvendar o assassinato, Cheney, presidente empossado, quase motiva uma guerra contra a Síria. Com o apoio do Congresso e em nome da segurança, consegue a aprovação de leis opressoras. O país se torna um campo armado e não fica claro se o homem certo está sendo julgado.

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