Pense em um sonho realizado: ver sua banda favorita finalmente tocar no Brasil após mais de dez anos de espera. Agora, pense em um sonho destruído: o único show do grupo no país é a, pelo menos, 800 quilômetros de distância da sua casa. O que poderia desanimar alguns é motivo de aventura para outros. Legiões de fãs sairão de todos os cantos do Brasil para assistir ao show da banda americana Weezer, atração principal do Curitiba Rock Festival, realizado na cidade paranaense nos dias 24 e 25 de setembro.
Os roqueiros mais nerds dos EUA despontaram para o sucesso em 1994, com o lançamento do CD "Weezer", também conhecido como "Blue Album" pelos fãs. Na época, a música "Buddy Holly" virou hit obrigatório nas pistas de todas as casas alternativas do Rio. De lá para cá, a banda formada por Rivers Cuomo (voz e guitarra), Brian Bell (guitarra), Scott Shriner (baixo) e Patrick Wilson (bateria) já lançou outros quatro álbuns. O mais recente deles, "Make Believe", trouxe o Weezer ao Brasil, único país da América do Sul incluído na turnê mundial da banda.
A Pedreira Paulo Leminsky, onde acontece o festival, já foi palco de uma apresentação histórica do Pixies, no evento do ano passado. O show da banda, que também era aguardada pelo público brasileiro há mais de uma década, motivou o surgimento da caravana da Maldita, festa que acontece todas as segundas-feiras na Casa da Matriz. O que começou com um grupo de amigos alugando um ônibus para ver o Pixies, capitaneados pelos DJs da festa, Zé e Gordinho, acabou como uma mobilização de quase 200 pessoas, que lotaram cinco ônibus rumo a Curitiba. A idéia foi um sucesso e esse ano tem mais.
A professora Carolina Sousa, de 23 anos, não vê a hora de ver o show da sua banda favorita. Para ir na caravana organizada pela Casa da Matriz, ela raspou o confrinho e lançou mão de todas as suas economias. Os R$ 490,00 que pagou incluem passagem de ônibus e hospedagem, além de ingressos para os dois dias de shows do festival.
- Estou contando os dias, como se eu pudesse arrancar as folhas do calendário para o tempo passar mais rápido - diz, sem disfarçar a ansiedade.
Rodrigo Rebelo, de 22 anos, trabalha numa videolocadora e também vai ver o Weezer com a caravana da Maldita. As dificuldades financeiras não foram suficientes para frear a vontade de ver a banda na qual é "viciado" desde 1999:
- Só consegui pagar a excursão porque um amigo me emprestou o dinheiro. Só não faço idéia de quando vou devolver os R$ 400,00 pra ele.
A contadora Renata Liagh, de 26 anos, vai enfrentar uma verdadeira maratona para assistir ao show. Ela mora em Volta Redonda, no Sul Fluminense, e vai para Curitiba de ônibus, sozinha. Pelo site de relacionamentos Orkut, ela conheceu outros fãs aventureiros de várias partes do Brasil e todos combinaram de ficar no mesmo hotel.
- Pendurei tudo no cartão de crédito, me endividei para três gerações próximas, mas estou achando tudo lindo! - comemora.
Arrependida de não ter ido ao show do Pixies, no Curitiba Rock Festival de 2004, Renata brigou até com o namorado para ver os roqueiros nerds de Los Angeles:
- Meu namorado se acostumou apenas parcialmente com a idéia. Mas não posso perder essa oportunidade. Ver a banda tocando é um sonho antigo. Nem no trabalho eu tive problemas: avisei ao chefe com um mês de antecedência e agora todos já estão contagiados com a aventura.
O Curitiba Rock Festival ainda terá as apresentações dos grupos The Raveonettes e Mercury Rev, da Dinamarca e dos Estados Unidos, respectivamente. Entre os artistas nacionais estão Acabou la tequila e Lobão, do Rio de Janeiro, além do Ultramen, do Rio Grande do Sul e Cidadão instigado, do Ceará. Ao todo serão 16 shows divididos entre os dois dias do festival.
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