Uma favela no Rio de Janeiro vista pelos olhos do estrangeiro. É este o resultado do documentário "Favela Rising", dirigido por Jeff Zimbalist e Matt Mochary, diretores premiados no Festival de Cinema de Tribeca.

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Além de fazer um retrato desse mundo cujas regras são ditadas pelo tráfico, os diretores buscam mostrar aqueles que se salvam através da música.

O longa, exibido na Mostra de Cinema de São Paulo do ano passado, tem como figura central o cantor Anderson Sá, morador de Vigário Geral, que chegou próximo de se tornar um criminoso, mas mudou de rumo ao conhecer as oficinas promovidas pela ONG AfroReggae.

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A mudança na vida do rapaz foi tão radical que ele se tornou não apenas o vocalista da banda da ONG, como também o principal porta-voz do grupo. Com a ajuda de Anderson e outros, crianças e adolescentes descobrem a cada dia que há outras possibilidades além do tráfico.

Com ecos de "Cidade de Deus", o documentário expõe o quão fácil e sedutor é para a criança se tornar traficante - mas ao mesmo tempo, como esse "trabalho" reduz a vida a poucos anos. Um dos momentos mais tocantes de "Favela Rising" acontece quando Anderson conversa com um menino de dez anos.

Quando perguntado qual a profissão que pretende seguir, o garoto não titubeia e diz que vai ser bandido, porque eles são ricos e têm poder. Mas com o trabalho da ONG na favela, Anderson e os documentaristas mostram que esses jovens estão se conscientizando de que é possível trilhar outros caminhos.

A força do filme de Zimbalist e Mochary está em mostrar a favela como um ambiente social em constante mudança - para o bem e para o mal. Um dos momentos de maior tensão é quando um jovem que trabalha no tráfico faz algumas confissões com a câmera ligada, deixando até o tradutor da equipe perplexo e preocupado com as denúncias.