Fernanda Abreu: jorro sonoro intenso| Foto: /Divulgação

Fernanda Abreu voltou, depois de 12 anos após seu último disco de estúdio, “Na Paz”. O que já seria uma boa notícia fica melhor ainda quando se percebe que aquela que reaparece é a cantora e compositora que ajudou a formatar uma dance music brasileira nos anos 1990.

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“Ajudou a formatar” é pouco. Depois dos anos como vocalista “gracinha” da Blitz, Fernanda enfiou o pé na porta na estreia solo, “SLA Radical Dance Disco Club” (1990). Havia nele uma apropriação muito feliz e oportuna da cena funk carioca, bem antes da assimilação do público mainstream.

Mas não era simplesmente emular a moçada que sabia fazer dançar. Entre beats e baladas, o disco era carregado de invenção, no emprego de grooves de pista até manjados, mas reconstruídos numa pegada impecável. Virou cartilha de música dançante brasileira.

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O recém-lançado “Amor Geral”, que é apenas seu sexto disco de material inédito numa carreira solo de 27 anos, resgata essa inventividade.

Concebido depois de uma década marcada por perdas pessoais, entre elas um longo casamento desfeito, dá a impressão de dar vazão a muita criação represada. As ótimas faixas do disco formam um jorro sonoro intenso.

É difícil encontrar defeitos em “Amor Geral”. Então é possível reclamar que dez músicas é pouco. Principalmente quando se leva em conta que as baladas prevalecem sobre os pandemônios funk.

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Na turnê que deve fazer para mostrar o disco, isso pode ser facilmente compensado se ela retomar hinos dançantes como “Rio 40 Graus”.

“Amor Geral” traz candidatas ao grupo de elite das canções de Fernanda. O pop sintetizado do primeiro single, “Outro Sim”, e as batidas divididas com o lendário DJ americano Afrika Bambaataa em “Tambor” estão no rumo de seus maiores sucessos. Mas a lista pode aumentar facilmente com “Double Love Amor em Dose Dupla”.

Falar em “renascimento” soa exagerado. É possível ligar os pontos entre este álbum e a produção da cantora nos anos 1990. O refinamento pop e as letras espertas seguem juntos. Misturar as canções novas com as antigas não causará estranheza.

Aos 54 anos, Fernanda Abreu está apenas de pilha nova, tudo que ela precisava para voltar a ser empolgante.