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Um peça sobre Fernando Pessoa e seus heterônimos. Ao decidir concretizar o projeto, que acalentava há algum tempo, o produtor Isidoro Diniz convidou Áldice Lopes para dirigi-lo. O ator experiente aceitou o desafio de estrear na função, e decidiu chamar uma dupla de amigos para participar.

Edson Bueno, diretor do grupo Delírio, do qual Lopes faz parte, escreveu o texto, e o ator Rafael Camargo, que retorna aos palcos depois de quatro anos, interpreta inúmeros personagens – que, na verdade, são um só. A peça em questão é Pessoalmente Fernando, que finaliza temporada no Mini-Guaíra, neste domingo (25).

Camargo é um homem de 40 anos que retorna à casa dos pais, logo após a morte deles, e mergulha em lembranças de sua vida. Ele não tem um nome específico: às vezes é Fernando Pessoa, menino ou adulto, em outras é um de seus três heterônimos mais conhecidos – Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.

Bueno optou por uma narrativa fragmentada, que expressa a leitura que o trio fez da vida e da obra do autor português. "Ferreira Gullar escreveu que falar de Fernando Pessoa é como ver um caleidoscópio em movimento. Ele está sempre mudando, seus heterônimos são completamente distintos uns dos outros, com literaturas próprias", explica o diretor.

Ao estudar a obra do poeta para a montagem, Lopes via a peça "em preto-e-branco, um concreto armado". Por isso, sugeriu a Camargo uma "interpretação de gestual pequeno, em que se pode ouvir sua respiração da platéia. Palavra e a atuação são prioridades", diz.

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