Em 2000, poucos apostavam no sucesso do jornalista e apresentador Serginho Groisman na Rede Globo, depois de anos à frente do extinto Programa Livre, no SBT. À época, a antiga atração havia inovado a televisão brasileira, ao discutir temas polêmicos e abrir espaço para as opiniões e as dúvidas dos adolescentes brasileiros.
Cinco anos depois, a comemoração do aniversário do Altas Horas, que aconteceu na semana passada, em Curitiba, prova que o formato idealizado por Groisman dá certo até mesmo de madrugada, horário considerado ingrato. "Quando entrei para a Globo, fiquei apreensivo, pois não sabia se ia dar certo, mas fui entendendo o lugar em que eu estava e transformei o programa aos poucos", conta Groisman, também apresentador de Ação, aos sábados de manhã.
As apresentações musicais ao vivo e os encontros inusitados entre personalidades de diversas áreas são hoje as marcas registradas do programa. O objetivo é, sempre que possível, misturar o popular a assuntos sérios, como aconteceu no bate-papo entre o cantor Latino e o presidente da CPI dos Correios, o senador Delcídio Amaral. "Muitos programas da televisão brasileira ainda têm medo de ousar. As atrações populares garantem a audiência, mas é preciso dar espaço para artistas de qualidade, com pouco espaço para divulgar o seu trabalho", acredita.
A mistura de linguagens conquistou um público fiel, que não se limita mais apenas aos jovens. Serginho não abre mão da liberdade que o horário proporciona, mas ainda batalha para que o programa comece um pouco mais cedo. "À noite, é possível provocar e trazer novidades. Se fosse exibido no domingo à tarde, um horário muito 'macarronada com frango', os quadros teriam de ser reformulados e a cobrança por audiência seria muito maior", explica.
Aniversário
O especial, gravado na Ópera de Arame, deixou os debates sobre questões atuais em segundo plano, dando espaço a cinco atrações musicais de peso: Marcelo D2, Gabriel O Pensador, Jota Quest, Martinho da Vila e Jorge Ben Jor.
Escolhidos por já fazerem parte da família do Altas Horas, os músicos têm muitas histórias de bastidores para contar. Gabriel O Pensador, por exemplo, escreveu boa parte do seu novo livro infantil Um Garoto Chamado Roberto, no camarim do estúdio. Já a percussionista da banda de Marcelo D2, se apaixonou por um dos operadores de câmera do programa.
Os artistas escalados para a celebração foram escolhidos não só por questões de agenda, mas, também, por terem participado várias vezes do programa e por estarem entre os preferidos do público. "O universo da televisão é tão maluco, mas o Altas Horas vai contra tudo isso, foge desse desespero. É um prazer poder participar de um projeto inovador e de qualidade, idealizado por alguém com a experiência e o carisma do Serginho", observa Marco Túlio, guitarrista do Jota Quest.
Os mais de 900 alunos que fizeram parte da platéia do especial puderam conferir os antigos sucessos e os novos trabalhos dos convidados, e ainda fizeram perguntas sobre mídia, música, crise política, violência e desarmamento. "O Serginho é um cara de credibilidade, o único que realmente dá voz aos jovens", acredita o estudante Sidney Carlos de Paula, 17 anos.
O objetivo de Groisman é continuar saindo do estúdio nos próximos aniversários do Altas Horas, que em 2004 foi apresentado na Urca, no Rio de Janeiro. A Ópera de Arame foi escolhida por ser um espaço representativo, com "a cara da cidade".
Além disso, os estudantes curitibanos estão sempre presentes nas gravações do programa, em São Paulo.
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