Serviço
A Cinemateca de Curitiba fica na Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174, no bairro São Francisco.
Apreciar festas populares sempre foi muito pouco para a cineasta Lia Marchi. Encantada com a cultura entranhada nestas comemorações, Lia decidiu fazer das festividades sua profissão. E deu certo. Há 15 anos, ela que também atua como professora, pesquisadora e produtora segue revelando traços de cultura popular, o que já lhe rendeu registros de práticas de mais de 160 artistas brasileiros e também de Portugal, tanto em documentários como em livros e materiais para escola.
E, a partir deste sábado (13), Lia terá mais um item de peso em seu currículo. É quando ela vai lançar seu novo documentário: "Romaria e Tradição". O lançamento será na Cinemateca de Curitiba, às 15 horas. Produzido com incentivo do Banco do Brasil, por meio da Lei Municipal de Cultura, o projeto acompanhou a construção da romaria de São Gonçalo, realizada pela família Moraes, na pequena localidade rural de Góes Artigas, no município de Inácio Martins, interior do Paraná. Em entrevista à Gazeta do Povo, a cineasta contou um pouco mais sobre o projeto, que, segundo ela, "é resultado de uma vida toda de dedicação".
O que aborda o documentário Romaria e Tradição?A romaria em São Gonçalo acontece há mais de cem anos no interior do Paraná. É uma festa organizada por uma família, que é a família Moraes. E o filme acompanha os preparativos de toda a comunidade para a festa, que é um grande acontecimento na comunidade.Como você chegou à festa?Conhecemos a família Moraes em um evento em Curitiba. Eles nos convidaram e fomos acompanhar a festa em um determinado ano. Chegando lá, encontramos uma festa maravilhosa, muito grande e que mobiliza muita gente.
Por que esta romaria te inspirou a fazer o projeto?Eu costumo brincar e dizer ao seu José Moraes (patriarca da família) que ele é um super-herói. Só vendo o filme para as pessoas entenderem a energia, a mobilização que todo mundo tem e o que eles fazem para levantar do zero a festa. Não é coisa simples. Preparam duas fogueiras enormes, fazem e servem a comida. Realmente quando vi isso tudo, quando vi a história desta família, fiquei emocionada. Porque é uma festa popular, de campo, e todos cuidam de todos os detalhes, desde a decoração, o mastro, as fogueiras. E também é algo realmente muito importante na tradição cultural e musical da comunidade.
Há mais de 15 anos você se dedica a pesquisa e divulgação das culturas tradicionais e populares brasileiras. Por que o tema te atrai tanto? Eu comecei estudando a música da tradição, mas é justamente um tipo de música que, quando você chega perto do ambiente em que ela é feita, se apaixona pela raiz, pela cultura do país e por tudo o que a envolve. Aí, então, você vê que aquela festa, o encontro das pessoas e todo o processo cultural é que faz com que aquela música seja tão bonita.
Festas como esta têm se tornado raras?Não. As pessoas têm a impressão que estas festas estão acabando ou que vão morrer. Mas elas estão aí, fortes, vivas. O que acontece é que nem sempre as pessoas conseguem ir até às festas ou vê-las na tevê ou no jornal. Mas ainda há um movimento muito forte de valorizar estas tradições no país.