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Festa Revival da Angel’s Flight.

Crystal Music Hall (Av. Visconde de Guarapuava, 1.751), (41) 3363-4171. Dia 5, a partir das 22 horas. Apresentação dos DJs Rogério, Gilber, Paulinho e Adri Neves, e da banda DeLorean.

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  • Marinice e Mariane Vieira, responsáveis pelas festas revival
  • O gerente Edson Hertz entre participantes de desfile na Angel’s
  • Interior da Angel’s Flight: as vigas sustentam a passarela
  • Grupo dança funk em concurso na boate Halifax
  • Desfile de moda na Halifax
  • Convites de festas da Angel’s Flight

Quem nunca sonhou em voltar no tempo e resgatar ambientes, imagens, sons e pessoas que fizeram parte dos melhores momentos da sua juventude? Graças às irmãs produtoras Marinice e Mariane Vieira (da MV Eventos), em parceria com o DJ Gilber de Oliveira Pontes (The Friends Party) e a Mundo Livre FM, do GRPCom, desde maio isso tem sido possível, com as chamadas "festas revival".

No dia 10 de maio o grupo realizou a primeira, do Club 700, no mesmo local onde funcionou a lendária casa noturna entre 1981 e 1990, o número 1.751 da Avenida Visconde de Guarapuava – hoje ocupado pelo Crystal Music Hall. Mais de 1,5 mil pessoas (a maior parte ex-frequentadores) "caíram na gandaia" ao som de bandas e DJs que recuperaram a trilha sonora da época. Na última segunda-feira foi a vez da extinta cervejaria Lúpulus, que teve a sua "Noite Árabe" resgatada no mesmo endereço. E amanhã acontece a festa que promete reviver o astral da Angel’s Flight, uma das principais "danceterias" de Curitiba na década de 1980. Na sequência, as irmãs pretendem homenagear casas como Papette, Halifax e Big Apple. E isso é só o começo: "Já nos pediram edições de lugares como Época, Aeroanta, El Potato Medieval e Syndicate. Mas dependemos das autorizações dos proprietários", adianta Marinice.

Nostalgia

Frequentadora das matinês do Club 700 e da Angel’s Flight, Marinice (hoje com 41 anos) conta que a ideia nasceu da própria nostalgia: "O que eu queria era reunir pessoas que frequentavam a noite nos anos 80 e não se viam há muito tempo, e pensando nisso eu decidi resgatar as casas que eu frequentava, imaginando que as pessoas da minha geração também iriam gostar de relembrar".

O passo seguinte foi ir atrás dos proprietários das casas, além dos DJs e músicos que tivessem frequentado os estabelecimentos. Com a ajuda do Facebook e do acervo de pesquisadores como Manoel Neto, foram resgatados flyers, cartazes, logomarcas e cartazes da época. Feita a mobilização, os organizadores criaram um painel com capas de LPs para sinalizar a transformação da Crystal, que também contribuiu para o clima com o seu ar de "boate retrô". "Fizemos o ‘carimbo da mão’ [usado para sinalizar quem já havia entrado], chamamos as tias que vendiam balas e chicletes nos banheiros, tudo isso contribuiu para recriarmos aquele estilo vintage", enumera a produtora. Resultado: a primeira festa, do Club 700, foi um sucesso.

Uma das explicações, além da nostalgia, seria a escassez de opções de diversão noturna para o público acima dos 40 anos. "Eu percebi que a faixa etária dos 40 anos em diante não tem onde ir. Existe um buraco na noite, as pessoas de 40 a 60 anos que continuam ativas mas são esquecidas pelas casas noturnas", observa a produtora. "Eles querem ouvir as músicas que tocavam na sua juventude, mas não dispensam o conforto. Querem lugar para sentar, ser bem atendidos, sem filas nem muvuca. Isso também contou a favor da Crystal, que tem mil lugares sentados."

Música

Outra boa sacada das festas revival foi trazer de volta os DJs que comandavam as fervilhantes noites dos anos 1980, na base do vinil, da fita cassete e do gravador de rolo. Atualmente lidando com agricultura, Benhur Marchesini, de 48 anos, foi um deles. DJ do Club 700 entre 1984 e 1990, ele voltou a pilotar as pick-ups depois de 20 anos na festa do dia 10 de maio. E conseguiu matar um pouco da saudade: "Foi muito legal, deu até vontade de voltar a tocar", confessa. "O Club 700 tinha uma essência diferente. Os donos viajavam muito para o exterior e sempre traziam novidades, discos que só sairiam aqui mais de um ano depois. Eu sempre tocava algumas dessas músicas no meio da noite, para sentir a reação do público. A galera conhecia na pista do 700 músicas que só tocariam nas rádios bem depois."

Rogério Muniz de Resende, 45 anos, o DJ Rogério, que tocou na Angel’s Flight entre 1986 e 1989 – e vai discotecar no revival desta sexta-feira – é outro resgatado do limbo. Hoje trabalhando como distribuidor de purificadores de água, ele resume assim o seu período comandando a cabine da "danceteria": "Foi a primeira vez em que eu me senti bom em alguma coisa. E eu era bom, havia até uma certa idolatria. Tanto que, quando eu toquei a última música na Angel’s, ‘Camila’, do Nenhum de Nós – que inspirou o nome de uma das minhas filhas –, e saí pela passarela de acrílico, tinha gente chorando. Vou tentar reviver um pouco disso nessa festa de sexta, e isso não tem preço".

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