GUIA GAZETA DO POVO
Os ingressos para o Festival de Curitiba começam a ser vendidos na próxima terça-feira, dia 15. Confira o serviço de cada peça:
A História do Homem que Ouve Mozart e da Moça do Lado que Escuta o Homem
As Próximas Horas Serão Definitivas
O fortalecimento dos grupos de teatro brasileiros se reflete nas escolhas da curadoria do Festival de Curitiba para a Mostra Contemporânea 2011, que vai de 29 de março a 10 de abril. Entre os 31 espetáculos divulgados ontem, estão representadas 11 companhias nacionais.
"Não queremos perder o papel de representar tendências", diz o diretor do Festival, Leandro Knopfholz, rememorando a evolução do evento, que chega à sua 20.ª edição. Em 1992, primeiro ano da mostra, foram apenas 12 espetáculos.
Companhias em ascensão no país brindam o festival com estreias. Os paulistas do Satyros trazem uma leitura atual de Pátroclo ou o Destino, de Marguerite Yourcenar, que aborda um triângulo amoroso durante a Guerra de Tróia. "O texto de O Último Stand-Up situa o mito nos viadutos de São Paulo, cidade onde a qualquer momento podemos ter uma tragédia significativa", contou à Gazeta do Povo o diretor Fábio Mazzoni. Na peça, o trio é encarnado por moradores sem-teto que sobrevivem do stand-up num contexto decadente.
O carioca-curitibano Felipe Hirsch e sua Sutil Companhia participam da mostra oficial com a estreia de Trilhas Sonoras de Amor Perdidas, que surge como o segundo capítulo de uma trilogia iniciada com A Vida É Cheia de Som e Fúria, inspirada no romance Alta Fidelidade, de Nick Hornby, há quase dez anos.
Os mineiros do Grupo Galpão estreiam o espetáculo Tio Vânia, com direção de Yara Novaes. O texto de Anton Chekhov fala de desilusões no amor e na vida. Com ele, o grupo inicia o projeto Viagem a Chekhov, que inclui uma montagem de contos ainda para este ano com direção do russo Jurij Alschitz.
Quem abre a edição 2011 do Festival de Curitiba é a Companhia Clowns de Shakespeare, do Rio Grande do Norte, com Sua Incelença Ricardo III (leia mais sobre a montagem na página 3), no Bebedouro do Largo.
Texto próprio
Outra tendência que o testival acompanha é a valorização de textos nacionais. São 14 obras dramatúrgicas brasileiras, como a que traz a Armazém Companhia, fundada em Londrina em 1987 para depois ganhar o cenário nacional, mudando-se para o Rio de Janeiro. Antes da Coisa Toda Começar, com texto de Maurício Arruda Mendonça e Paulo de Moraes, conta três histórias paralelas recordadas por um espectro, que permitem fantasiar sobre quem é o dono daquelas memórias.
Adultério, da Companhia de Atores de Laura, é outra montagem de texto próprio e recente.
A mistura de gêneros também foi valorizada pelo festival. Aliás, o próprio nome mudou em 2008, de Festival de Teatro de Curitiba para Festival de Curitiba, com o objetivo de abarcar outras manifestações artísticas como música, circo, cinema e stand-up.
Por isso, a presença constante na Mostra Contemporânea de grupos e artistas que trabalham com dança e mímica, como a dramaturga e encenadora Denise Stoklos, paranaense natural de Irati, que traz Preferiria Não? ao Guairinha.
A Companhia Deborah Colker traz neste ano Tathyana protagonista do romance em versos Eugênio Oneguin, do russo Alexander Pushkin.
Os russos também são representados por Um Coração Fraco, que traz o ator global Caio Blat na pele do jovem Vássia ele sofre por não se julgar digno do amor de Lisanka. A obra é adaptação da novela A Felicidade, de Dostoiévski.
Outros atores com experiência em novelas que vêm ao Festival deste ano são Maria Fernanda Cândido, em Ligações Perigosas; Dan Stulbach e Dalton Mello, em Os 39 Degraus (adaptação da obra filmada por Alfred Hitchcock); e Marjorie Estiano, em O Inverno da Luz Vermelha.
Musicais
Outra tendência do espectador brasileiro é o gosto por musicais, representados neste ano por É com Esse Que Eu Vou, sobre o samba; Me Salve, Musical!, comédia que se passa num saguão de aeroporto; Marlene Dietrich As Pernas do Século, com Sylvia Bandeira; e Sete por Dois, de Stella Miranda, que estreia em Curitiba.
Montagens maiores como Hair precisaram ficar de fora. "Fizemos de tudo para trazer, mas grandes produções desse porte não têm condições de se apresentar no festival", justifica a curadora Lúcia Camargo.
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