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Já na primeira noite da Mostra Oficial do Festival de Teatro de Curitiba, a edição de 2006 dá o seu tom. Prego na Testa, do tradicional grupo paulista Parlapatões, Patifes e Paspalhões, será o primeiro de uma longa série de espetáculos-solo a entrar na grade principal do evento. No total, serão seis monólogos entre os 19 espetáculos que integram a seleção principal. Há muitos mais no Fringe, mostra paralela que reúne 205 montagens neste ano. Entre os fatores que levam à safra de peças com apenas um ator sobre o palco está a dificuldade de conseguir dinheiro para grandes produções.

Em cena, na estréia de Prego na Testa, estará o ator Hugo Possolo. Ele faz nove personagens diferentes durante uma hora e meia de apresentação. Todos com um lado meio bizarro. Há, por exemplo, um diretor de filmes pornográficos que inveja o lugar da atriz. Ou o cidadão que se vê obrigado a entrar em uma organização bizarra, espécie de "machões anônimos", para aprender a não tratar mais as mulheres como simples objetos. Ou o burguês fascinado pela própria churrasqueira.

"É uma comédia um pouco ácida", diz Possolo. Segundo ele, a parte mais cáustica do espetáculo fica por conta da identificação que os espectadores acabam sentindo com os personagens, que à primeira vista, pareciam simplesmente inacreditáveis por seus desvios de conduta. "É um texto muito engraçado, mas ao mesmo tempo dá umas cutucadas na gente", opina.

Possolo, que vai usar Prego na Testa para inaugurar o espaço oficial do grupo, a ser aberto na Praça Roosevelt, na capital paulista, apresenta a peça pela primeira vez fora do estado de São Paulo. "Aqui é um bom lugar para fazer a primeira temporada fora de casa, porque durante o festival tem gente de todo o país para assistir", afirma. A montagem, estreada no ano passado, demorou mais de quatro anos para ficar pronta. Principalmente, porque Possolo não queria abandonar os projetos coletivos do grupo para fazer sua experiência-solo.

O texto original é do norte-americano Eric Bogosian, conhecido pela peça e roteiro do filme Talk Radio, dirigido pelo polêmico Oliver Stone. "Quem me mostrou a peça foi o Aimar Labaki", diz Possolo. "Li em inglês e não achei muita graça. Ele insistiu, mandou traduzir e me deu de novo. Aí entendi que aquilo era realmente sensacional", conta.

Serviço: Prego na Testa. Sesc da Esquina (R. Visconde do Rio Branco, 969), (41) 3322-6500. Texto de Eric Bogosian. Direção de Aimar Labaki. Com o ator Hugo Possolo, do grupo Parlapatões, Patifes e Paspalhões. Hoje e amanhã às 20h30. Ingressos a R$ 24 e R$ 12.

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