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Se o Festival de Inverno de Antonina deste ano teve algum problema, este foi a falta de inverno. Quem diz isso é Lúcia Mion, coordenadora geral do evento organizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), que se encerra hoje no litoral paranaense. Exceto pela ausência do frio, tudo foi realizado como previsto. Hoje, o encerramento acontece com um show do cantor Jair Rodrigues, na rua principal da cidade, às 22 horas. Será o fim de uma semana em que 60 mil pessoas participaram de atividades culturais oferecidas gratuitamente.

Na apresentação de logo mais à noite, Jair Rodrigues vai cantar todos os seus maiores sucessos. Começando por "Deixa Isso pra Lá", que deu a ele o direito de ser um dos vários músicos que reivindicam a paternidade do rap no país. Depois vem "Disparada", que o levou à final do famoso festival da Record – terminando em um empate com "A Banda", de Chico Buarque. Também haverá músicas do novo disco, Alma Negra, em que retomou a gravação de sambas – segundo o cantor, sempre que faz shows em praças públicas, esse é o gênero musical que o público mais pede para ouvir.

Mas o festival tem outras atrações. Quem estiver em Antonina também vai poder ver apresentações de folclore, música e teatro. A programação começa às 14 horas, no Theatro Municipal, com o Grupo Folklorístico Venutti Dall'Italia, que vai mostrar tradições de várias regiões italianas, com dança e música.

A partir das 18h30, a dança é que toma conta do palco. A Phoros Companhia de Dança apresenta a coregrafia "Des". Logo em seguida, a Cia. do Ar vai mostrar Gingaestética, um espetáculo que fala sobre a realidade brasileira e que, segundo o grupo, tem sua lógica baseada na vida de uma favela. A coreografia estreou em abril em Nova Iorque.

Antes das apresentações profissionais, o festival faz hoje um resumo de tudo o que os alunos das oficinas de artes aprenderam na última semana. Às 9 horas da manhã, começa a apresentação de todos os grupos que participaram de aulas. A maioria é de gente de Antonina mesmo, que dificilmente teria acesso a aulas desse gênero na cidade.

Oficinas

Algumas oficinas começaram a mostrar resultados já durante a semana. É o caso das aulas de jornalismo para crianças, aplicadas desde segunda-feira por alunos do curso de Comunicação Social da UFPR. Durante cinco dias, alunos de 5.ª a 8.ª série de Antonina e de outras cidades foram às ruas fazer reportagens sobre o festival. Assistiram a peças, shows e visitaram as outras oficinas. O resultado foi colocado todos os dias nas páginas de um jornal chamado Caranguejinho.

O suplemento teve 2 mil cópias xerocadas distribuídas todos os dias. "Foi bacana ver que o texto dele melhorou muito desde o começo da oficina", diz a aluna Bruna Walter, uma das responsáveis pela atividade. "Eles perceberam coisas que nem nós tínhamos visto", diz o outro ministrante das aulas, Cristiano Luiz Castilho, também aluno da UFPR.

A opinião de Vinícius Miguel Tavares, aluno de 12 anos, é mais direta. "A oficina abalou geral", diz ele, que há cinco anos participa de atividades do evento em Antonina. Entre outras coisas, ele ficou orgulhoso por ter conseguido a matéria de capa do jornal ao escrever sobre a peça As Aventuras do Menino Leonardo Da Vinci. Que aliás, conseguiu boa nota no conceito do crítico Vinícius.

A coordenadora Lúcia Mion diz que a melhor parte do festival é atender uma população que nem sempre tem condições de acesso a informações sobre a cultura. Uma das atividades deste ano foi feita para que as crianças pudessem conhecer melhor até mesmo a sua própria cidade. Foram organizados dois tipos de roteiro para mostrar os monumentos históricos de Antonina e para falar sobre as lendas urbanas locais.

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