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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso passa a ocupar, amanhã, a cadeira nº 36 da Academia Brasileira de Letras. Sua vitória foi expressiva: obteve 87% de aprovação, 34 dos 39 votos possíveis na eleição realizada em junho pela instituição. Na sede da ABL no centro do Rio, um prédio histórico inspirado no Petit Trianon de Versailles, o ex-presidente sempre contou com o apoio de muitos acadêmicos. Chegou a ser lembrado em ocasiões anteriores, mas hesitava em apresentar sua candidatura. Em entrevista à Folha de S.Paulo em março de 2013, após encaminhar a carta que formalizou sua inscrição, FHC justificou a decisão: "Minha reticência sempre foi a de que não sou homem de letras e não queria criar constrangimentos por ter sido presidente da República. Mas agora, passados tantos anos da presidência e mantida, se não mesmo que ampliada, a convicção de vários membros da ABL de que eu deveria juntar-me a eles, acabei por concordar." A escolha da ABL leva em consideração a produção intelectual do candidato, mas o histórico profissional também exerce certa influência. "Joaquim Nabuco e Machado de Assis trocaram muitas correspondências sobre os critérios que deveriam nortear as escolhas. E Nabuco defendia que a presença na academia não deveria ficar restrita às Letras", disse à reportagem o advogado Celso Lafer, que ocupa a cadeira de nº 14 da ABL. "Sempre tiveram presença na Academia não só poetas e romancistas, mas também pensadores do Brasil como Nabuco, Euclides da Cunha, Raymundo Faoro e Celso Furtado", citou o acadêmico, que ocupou o cargo de ministro das Relações Exteriores durante o segundo mandato de FHC. Lafer foi quem encaminhou a carta que formalizou a candidatura de FHC. A escritora Nélida Piñon desde o início também deixou explícito seu apoio. No período da escolha, comentou a vantagem de FHC sobre seus concorrentes. Disse que em determinando momento da vida, "após tantas lutas, é justo receber a realidade já acolchoada." Fernando Henrique Cardoso presidiu o país por dois mandatos, de 1995 a 1998, e de 1999 a 2002. Doutor em sociologia,é autor ou coautor de 23 livros e mais de cem artigos acadêmicos, nos quais transita pelos campos da sociologia, ciências políticas, economia e relações internacionais.

"Dependência e Desenvolvimento na América Latina", escrito com Enzo Faletto, foi sua primeira obra de grande repercussão. Nos anos 1970, FHC retornou ao Brasil e seus livros foram influenciados pelo cenário político do país. Em seu discurso de posse na ABL, o ex-presidente deve mencionar o fundador da cadeira nº 36, Afonso Celso, autor de "Por que me Ufano de meu País", de 1900, uma exaltação ao amor incondicional à pátria, que popularizou a palavra "ufanismo". O lugar foi ocupado, em ordem cronológica, pelo médico Clementino Fraga, o bioquímico Paulo Carneiro, o diplomata José Guilherme Merquior e o jornalista João de Scatimburgo. FHC é o sexto acadêmico.

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