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Sapataria Rococó
Ateliê Figurino e Cena. R. Presidente Faria, 344, apartamento 1.601, (41) 3311-2768. Visitas sob agendamento. Entrada franca.
Quem vê o nome de pessoas como Paulo Vinícius correndo solto pelos programas de espetáculos curitibanos não imagina quantas decisões difíceis custou essa onipresença. Tais como recusar a oferta de permanecer na alta costura pelo dobro do salário, quando sua opção foi dedicar-se inteiramente ao teatro.
Se ele tiver chegado a se arrepender, esse é o momento de desforra. Desde que se mudou do interior de São Paulo para Curitiba, em 2004, nunca esteve tão bem instalado e programado: no novo ateliê, num prédio circular do Centro da cidade (que não gira), ele expõe sua coleção Sapataria Rococó. São 12 sapatos recobertos nesse estilo francês do século 18, cujas imagens colorem o blog de mesmo nome agora, eles podem ser vistos ao vivo numa charmosa cristaleira, sob agendamento.
Para esse ano, um dos projetos é estender a pesquisa de criação para chapéus, elaborando também 12 unidades, agora no estilo art nouveau. Diante da cristaleira, uma mesa com dez cadeiras coloridas sobre um pequeno palco aguarda os futuros participantes da oficina de figurino que ele oferecerá no segundo semestre.
Além de programar dois espetáculos de sua direção e produzidos por sua empresa, a Figurino e Cena, Paulo começou o ano com a agenda cheia de encomendas de figurinos e cenários.
Para NotreDame de Paris, em cartaz no Teatro Regina Vogue, ele criou assustadoras gárgulas instaladas sobre torres que simulam a entrada da catedral parisiense, com a rosácea acima. No próximo dia 13, estreia seu cenário para Obscura Fuga da Menina Apertando sobre o Peito um Lenço de Renda, no Teatro Novelas Curitibanas, com a CiaSenhas, companhia que conheceu enquanto cursava a Faculdade de Artes do Paraná (Fap) e com quem trabalha desde então.
Outros grupos para quem presta seus serviços com frequência são Vigor Mortis, Processo Multiartes, Teatro de Breque e diretores como Rafael Camargo, Maurício Vogue e Marcio Mattana.
De sua autoria e ao lado do ator e produtor Fernando de Proença, estreia neste ano a infantil Bimbo. Sua investida pela dramaturgia leva em consideração que as crianças não aceitam "qualquer bobagem": "Cansei de ver a plateia tirando sarro dos atores", brinca.
Já em Ouve-me com Teu Corpo Inteiro, também com estreia prevista para este ano, Paulo ataca de autor e ator nesse caso, delega o figurino a outro profissional. "Vestir outro corpo é técnico, mas para me vestir entrariam coisas do ego e da vaidade", confessa. O cenário ele segura.
Além de manter a relação profissional com o trabalho, "passar a bola" dá a oportunidade de trabalhar com amigos que ele vem amealhando desde que chegou à cidade.
A instalação na capital paranaense partiu de uma inspiração: "Curitiba para mim tinha um ar convidativo e vim estudar teatro aqui".
Em Bauru e Marília (SP), onde morou antes, Paulo já atuava no teatro desde 1990, quando dirigiu o primeiro espetáculo amador, para o qual já fazia cenário e figurino. A formação em Filosofia veio por uma necessidade de aprender, mas o ofício do palco o levou em direção à moda, onde aprendeu a modelar e desenhar profissionalmente.
Já em Curitiba, percebeu como a formação em Filosofia é valorizada entre os pares. Na faculdade, onde estudou com atores como Luiz Bertazzo e Uyara Torrente, "ficou na cola" dos artistas que admirava. Eis a dica para um trabalho constante e onipresente.
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