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A Justiça do Rio determinou a prisão preventiva de Daniel de Oliveira Coutinho, 41, responsável pela morte do próprio pai, o cineasta Eduardo Coutinho, segundo investigação da Polícia Civil do Rio.

Além de esfaquear Coutinho, o suspeito usou o mesmo tipo de arma para ferir sua mãe, Maria das Dores Oliveira, que segue internada em estado grave no hospital Miguel Couto.

Daniel Coutinho também está hospitalizado na mesma unidade com ferimentos no abdômen. Após atingir os pais, segundo os investigadores, ele tentou se matar usando também uma faca.

Em sua decisão, a juíza Nathalia Magluta destacou que o suspeito confessou "na frente dos vizinhos, ter desferido contra seus pais golpes de faca".

Na tarde desta segunda-feira, um investigador, formado em psicologia, vai ao hospital para ouvir o depoimento de Daniel Coutinho.

Quando for concedida a alta hospitalar, ele deverá ser transferido para uma unidade psiquiátrica do sistema de administração penitenciária do Rio.

Enterro conta com a presença de 300 amigos

O corpo de Coutinho foi enterrado às 16h30 desta segunda-feira, 3, no Cemitério São João Batista, no Rio, sob muitos aplausos de cerca de 300 amigos e admiradores. No momento do enterro, foi puxada a saudação "Companheiro Eduardo Coutinho, presente!'. A cantora e compositora Adriana Calcanhotto, amiga e admiradora de Coutinho, disse, no velório, que costumava assistir aos filmes dele em sessões fechadas, antes das estreias, e que é fã do modo "de pensar e fazer cinema". "É único e original", afirmou.

O poeta Ferreira Gullar, amigo de Coutinho há 50 anos, desde a vivência no Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes(UNE), se disse "chocado" com a violência que ele sofreu. "Foi brutal. Coutinho era a última pessoa do mundo que deveria ser assassinada. Eu passei por algo semelhante na família (ter filhos com doenças psíquicas) e sei como é. Ele era uma pessoa discreta, delicada, um amigo afetuoso e leal. Para o cinema, é uma perda grande, pois, dificilmente, vai aparecer outro", afirmou.

O diretor de fotografia Walter Carvalho também o conhecia desde os anos 1960. O irmão de Carvalho, Wladimir, foi assistente de Coutinho no início das filmagens de Cabra Marcado para Morrer, em 1963. "As reuniões com os camponeses eram na minha casa, em João Pessoa. O cinema dele influenciou a todos. Era um homem de vanguarda. Tudo o que tenho a dizer são as últimas palavras de Hamlet: 'O resto é silêncio'", disse.

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