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Milton Nascimento disse uma vez que, para ele, a referência de beleza no canto é a voz das mulheres e que ele aprendeu a cantar imitando-as. Ney Matogrosso é considerado um cantor singular e conquistou fama nacional e internacional graças ao seu timbre "feminino". O cantor, compositor e guitarrista gaúcho Filipe Catto, de 26 anos, que se apresenta neste sábado, a partir das 21 horas, no Canal da Música (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo), é dessa escola (embora rejeite as comparações com os dois ícones da MPB).
"Essa coisa de ter uma voz diferente foi uma constatação externa, as pessoas foram apontando à medida que eu crescia. Como eu comecei a cantar ainda criança e as crianças têm um registro mais agudo , nunca tive esse insight. E também não tenho compromisso com nada disso", afirma. "Por isso não tive muito problema na adolescência. Quando a voz começou a mudar, eu fui mudando junto com ela. Hoje estou em outra fase, e a voz muda junto comigo."
Admiração
A exemplo de Milton, Filipe é um grande admirador das vozes femininas: "Sempre tive essa influência das grandes cantoras, como a Elis, que o meu pai ouvia, e ainda a Gal, Bethânia, Marina, Cássia Eller, Janis, P.J. Harvey, Mama Cass [da banda The Mamas & The Papas], K.D. Lang...", enumera. "Mas também ouço muitos cantores. Toda a minha gênese musical vem do rock-n-roll dos anos 70 e 90. Não canto desse jeito para imitar as mulheres, minha voz é assim mesmo, não tenho muito para onde ir."
Lapidação
Isso que essa voz de querubim nem chegou a ser muito lapidada: "Fiz um pouco de técnica vocal, aprendi o básico respiração, emissão, essas coisas. Depois tive aulas de musicalização, solfejo... mas sempre tive muita dificuldade nas aulas de voz, porque os professores não sabiam onde me encaixar, e eu também era muito impertinente. Fui mais autodidata mesmo, aprendi a cantar no chuveiro e fui podando minha voz aos poucos".
Show
O show de sábado vai girar em torno do DVD ao vivo Entre Cabelos, Olhos e Furacões, gravado em fevereiro no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. O repertório inclui músicas autorais como "Saga", que fez parte da trilha sonora da novela Cordel Encantado e versões de ídolos como Roberto Carlos ("Eu Te Amo") e Zé Ramalho ("Ave de Prata"), misturadas com nomes da nova MPB, como a banda gaúcha Apanhador Só ("Nescafé") e o cantor e compositor paulistano Pélico ("Sem Medida"). "Mas podemos levar algumas novidades, às vezes surgem coisas de improviso", avisa.
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