Geoffrey Rush vive o pai adotivo da menina Liesel, que busca consolo na leitura em meio à guerra| Foto: Divulgação

Cinema

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Os que se negam a ver qualquer filme que ainda trate de assuntos ligados à Segunda Guerra Mundial ou ao Holocausto devem, nem que só dessa vez, repensar a posição. A adaptação do livro de Markus Zusak (2007), A Menina Que Roubava Livros, que estreia nesta sexta-feira, vale a ida ao cinema.

Do mesmo estúdio de As Aventuras de Pi, o filme repete a beleza plástica das cenas vistas na história de Richard Parker. Com a fotografia irretocável do filme e a atuação de feras como Geoffrey Rush (O Discurso do Rei) e Emily Watson (Anna Karenina), assistir ao desenrolar da vida de Liesel Meminger é como teletransportar-se para 1941, época em que o nazismo imperava na Alemanha e uma nação inteira vivia o regime do führer.

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A situação das famílias germânicas pobres durante a guerra, o sofrimento de quem não concordava com o regime, a quase obrigação de filiação ao partido e o alistamento obrigatório de velhos e crianças estão entre as situações abordadas no longa-metragem.

Na história, a pequena Liesel – vivida pela talentosíssima Sophie Nélisse, perde o irmão tuberculoso e, em seguida, é separada dos pais – que são levados pelos guardas do III Reich depois de acusados de comunismo. Assim, ela vai morar com uma família adotiva, sob os cuidados do amoroso "papa" Hans Hubermann (Geoffrey Rush) e a rabugenta mãe (Emily Watson).

O tema central do livro, que dá nome à obra, aparece quando a garota aprende a ler com o pai adotivo e se apaixona pelo mundo ficcional das histórias.

A vontade de ler e escrever dá um novo sentido à vida da pequena jovem, que começa a roubar títulos para alimentar sua nova alegria. Aliás, o segundo roubo da menina é uma das cenas mais marcantes do filme. Depois de ver os nazistas queimarem uma pilha de obras que não consideravam adequadas para leitura, a garota resgata um menos chamuscado e esconde em seu casaco.

É claro que, diante da lista enorme de decepcionantes adaptações literárias para o cinema, o leitor das obras originais já não tem a mesma expectativa quando sabe que um livro vai virar filme. Nesse caso, é possível dizer que pouco da obra literária se perde na versão cinematográfica. Obviamente, muitos cortes são necessários, mas a essência do texto é preservada.

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A ressalva que pode ser feita é que a obra literária original é narrada pela Morte, de quem Liesel escapa três vezes. A ideia não fica muito bem clara para quem assiste ao filme sem ler o livro. Uma perda considerável, já que essa é uma das boas sacadas do autor. GGG