Davy Chou desembarca nesta quinta em São Paulo como convidado especial do filme de abertura do Traffic - 1.º Festival de Cinema e Cultura Asiática da maior cidade brasileira. Davy quem? Neto de um lendário produtor do Camboja - Van Chann -, Davy, criado na França, virou a ponta de lança de um movimento não tanto para desenvolver o cinema no país - ele próprio diz que seria 'exagerado', numa entrevista por telefone -, mas de um compromisso para tentar reerguer o que já foi uma das cinematografias mais importantes da Ásia.
Justamente neste momento em que o cinema asiático ganha espaço nos grandes festivais de cinema - filmes das Filipinas, da Tailândia, China, Coreia -, Davy Chou vem falar das particularidades da produção cambojana. Até pelas condições históricas que o Camboja viveu, durante o regime do Khmer Rouge, a produção foi paralisada e os artistas perseguidos por um regime que se especializou em justificar a fama de sanguinário. Entre 1960 e 1975, antes do advento do Khmer Vermelho, o Camboja produziu cerca de 400 filmes. Tinha cinemas, uma elite intelectualizada, um público animado. A repressão acabou com essa idade de ouro.
Criado na França, à sombra do culto a um avô que não conheceu, Davy Chou sempre sonhou em reencontrar suas origens. O filme "Le Sommeil dOr", O Sono de Ouro, que abre quinta o Traffic, nasceu dessa vontade. É um documentário sobre diretores e técnicos que sobreviveram aos desatinos do Khmer Vermelho. Davy centraliza seu relato nas experiências da atriz Dy Saveth e dos diretores Ly Bun Yim, Yvon Hem e Ly You Sreang. Um cinema em ruínas, e recuperado, vira metáfora do renascimento.
Para repassar na mente o que foi o período, você só precisa se lembrar de filmes como "Os Gritos do Silêncio", de Roland Joffe, sobre a experiência do jornalista Sydney Schanberg, do The New York Times. Ele denunciou para o mundo a brutalidade nos campos de concentração do ditador Pol Pot, mas enquanto recebia seu Pulitzer de reportagem, o cambojano que lhe servira de guia amargava o sofrimento no verdadeiro inferno do Khmer.
PROGRAMAS IMPERDÍVEIS
Morto em 14 de junho, aos 67 anos, Carlos Reichenbach ganha homenagem no 1º Traffic. O mais cinéfilo dos autores paulistas gostava de dizer que virou cineasta por causa da profunda emoção que lhe causou um clássico de Kenji Mizoguchi - "Contos da Lua Vaga", que ele viu sem legendas, numa sala do bairro Liberdade. A homenagem a Carlão será feita justamente por meio da exibição do filme. O Traffic também promove uma retrospectiva do coreano Hong Sang-soo, apresentando uma seleção de seus filmes que encantam Davy Chou, diretor da obra de abertura, "Le Sommeil dOr". No total, serão 32 títulos, avalizados pelo prestígio do curador John Badalu em mostras internacionais. Davy Chou destaca mais dois filmes, a comédia filipina "Mulher no Fosso", de Marlon Rivera, e o drama tailandês "K-047", de Kongdej Jaturanrasamee. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
TRAFFIC
Cine Olido. R$ 1.
Cinemateca. R$ 4/R$ 8.
Cine Livraria Cultura. R$ 14/R$ 20.
Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca. R$ 16/R$ 28.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano