A palavra pessimismo talvez não seja a que melhor define Laranja Mecânica (TCM, 0h15 de segunda-feira, Classificação: 18 anos). Antes, existe um vasto sentimento de desgosto: como se todo o esforço do homem para vencer sua animalidade pudesse perder-se.
O anti-herói do cineasta Stanley Kubrick (1928-1999) aqui tem por inspiração Beethoven (1770-1827). O sublime inspira o bestial, talvez. Ou ambos coexistem e, nesse caso, para que serve Beethoven?
Mas o anti-herói será castigado, a horas tantas. E depois virá o tratamento: uma vingança da norma, que apenas serve para consagrar o mal-estar na civilização.
Sim, somos precários, parece nos querer mostrar Kubrick nesta obra-prima de 1971 em que nunca as linhas distorcidas da grande-angular tiveram efeito tão devastador.
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