O filme "Snow cake", de Marc Evans, abriu o Festival Internacional de Cinema de Berlim, esta quinta-feira, e estendeu o tapete vermelho para os aclamados Alan Rickman e Sigourney Weaver. Eles são os protagonistas de uma história com pesado roteiro: a aparente relação impossível entre um homem atormentado e uma mulher autista.
Rickman vive um homem sombrio e calado que tenta se comunicar com uma mãe autista (Weaver), que acaba de perder sua filha - de saúde perfeita - em um acidente de carro dirigido por ele. A tragédia é o detonador de um filme imerso em uma bela paisagem de neve, cujo sabor é o mais próximo de um orgasmo, segundo a protagonista.
O diretor britânico (o mesmo de "A ressurreição") parte de um forte roteiro escrito por Angela Pell. Ela é mãe de um menino autista, com quem aprendeu "o lado complicado e mágico" de conviver com uma pessoa com essa doença.
O objetivo de toda a equipe, desde o diretor pessando pela roteirista até a atriz Sigourney Weaver, era retratar o autismo com a "merecida dignidade humana".
- Não é um filme sobre um autista e sim sobre uma mulher extraordinária que vive experiências extraordinárias - atacou Weaver na coletiva de imprensa.
Mergulhar no personagem não foi fácil. Weaver dedicou "muito tempo, empenho mental e esforço físico", segundo explicou para jornalistas depois de chegar a uma conclusão: "Não existe um único tipo de autista. Cada autista é um ser especial em si mesmo."
O resultado é uma interpretação cheia de méritos, mas quase ofuscada por Rickman, o misterioso e sarcástico inglês com manias de perfeição e recém-saído da prisão por ter matado a extrovertida adolescente interpretada por Emily Hampshire, muito bem no papel.
A adolescente consegue arrancar o primeiro sorriso de sua vida depois de anos. Segundos depois a adversidade cruza o caminho deles em forma de um caminhão.
"Snow cake" segue o ritmo de qualquer filme melancólico, porém esperançoso, e é povoado por personagens castigados pelas adversidades da vida. E apesar disso, não perdem a capacidade de amar.
Weaver vive uma personagem fanática por organização - o que parece uma manifesção comum entre vários outros autistas - e também louca pelo sabor da neve, chegando a comer pequenas tortinhas de neve.
A amizade entre essa mulher incapacitada de expressar a dor da morte por sua filha e suas tortas de neve (a "Snow cake" do título do filme) são a ferramenta de comunicação entre ambos.
- Sigourney me permitiu ser autêntico na minha interpretação - disse Rickman cheio de modéstia.
Apesar de alguns escorregões, "Snow cake" fez uma boa abertura no festival, assim como queria seu diretor, Dieter Kosslick: bom filme e presença de famosos no tapete vermelho.
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