
Serviço
As Aventuras do Príncipe Achmed, com trilha sonora executada ao vivo pela OSP regida por Stefan Geiger
Guairão (Pça. Santos Andrade, s/nº), (41) 3304-7900. Amanhã, às 10h30. Ingressos a R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada).
Pode parecer arcaica a ideia de contratar músicos para tocar durante a projeção de um filme mudo, como era comum na época dos cinematógrafos do início do século passado. Sincronizar um concerto ao vivo com as imagens, no entanto, é uma tarefa das mais complexas. Daí a vinda de um especialista para a apresentação da trilha sonora original de As Aventuras do Príncipe Achmed (1926) pela Orquestra Sinfônica do Paraná, que acontece amanhã, às 10h30, no Guairão.
O encarregado de reger a trilha sonora composta por Wolfgang Zeller (1893-1967) para a animação pioneira é o maestro alemão Stefan Geiger, que tem no currículo mais de vinte filmes concertos, incluindo os clássicos O Encouraçado Potemkin (1925), de Sergei Eisenstein e Metrópolis (1927), de Fritz Lang.
Geiger, que é regente e diretor artístico da Orquestra Juvenil do Estado de Bremen, tem a maior parte de seu repertório formada pela música sinfônico tradicional, mas revela ter um pé na trilha sonora ao vivo para o cinema, que diz ser desafiadora.
"Para algumas peças, na verdade, você não precisa de regente", diz o maestro. "Algumas sinfonias de compositores antigos, como os barrocos, precisam de alguém para ensaiar, para organizar, mas não precisam de um regente para manter a orquestra junta. Mas, para tocar música de cinema, ela realmente precisa do regente. Ele é o único que pode conduzi-la ao longo do filme", explica.
Sincronia
Para encaixar a trilha no filme, Geiger conta com uma partitura especial, que traz storyboards (quadros cronológicos com as cenas do filme). "Mas é preciso assistir, não é suficiente apenas ler as partituras. Leva muito tempo para preparar. Você tem de conhecer totalmente o filme. Eu assisti a ele, talvez, umas mil vezes", conta o regente, que estreou o concerto há cerca de dez anos, em Hamburgo, com uma recém lançada versão do filme restaurada pelo Deutsches Filmmuseum, de Frankfurt. "Pouca gente faz, porque é difícil", diz.
Pioneirismo
A raridade da apresentação também vem envolta em pioneirismos. Achmed, feito em stop motion com silhuetas de recortes de papel pela alemã Lotta Rininger e seu marido, o fotógrafo Carl Koch, é um dos primeiros longas-metragens animados da história, precedido apenas por dois filmes argentinos, considerados perdidos. "Foi muito antes de Walt Disney", brinca Geiger.
A composição de Zeller, que acompanhou a árdua produção (foram 250 mil quadros capturados), também é apontada por Geiger como uma das poucas trilhas sonoras originais da época.
"Antes, a maioria dos filmes eram acompanhados por pequenas formações e trechos de músicas", explica.
Inspirado pela trama do filme, que inclui o encontro do príncipe Achmed com personagens como Dinazade e Aladim (de As Mil e Uma Noites) na viagem que faz em seu cavalo voador, Zeller faz referências à cultura persa e árabe.
"A música tem um foco no estilo oriental. Você deverá se lembrar de Rimsky-Korsakov (1844-1908) em Sheherazade , e, às vezes, lembra a música de Engelbert Humperdinck (18541921)", explica. "Sobretudo, se encaixa perfeitamente com o filme. Será muito bom se muita gente assistir, porque vale a pena, é realmente especial."
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