Meu Pai, Meu Filho tinha muito para ser um filme memorável. Coloca frente a frente Gérard Depardieu e o filho, Guillaume, em papéis que refletem de modo impressionante a vida real.
No filme, produzido em 2002 e só agora lançado em DVD no Brasil, Dépardieu interpreta Léo, um escritor que acaba de vencer o Prêmio Nobel de Literatura. Ele decide viajar de moto até Estocolmo, onde receberá a honraria da Academia Sueca. Sua filha, Virginia (Sylvie Testud), empresária e porta-voz do pai, fica preocupada com a idéia de fazer quase 2 mil quilômetros por estrada, mas a vontade de Léo prevalece.
No meio da festa, Paul (Guillaume Depardieu), o filho rebelde e renegado, liga para dar os parabéns, mas a irmã não o deixa falar com o pai. A relação entre os dois é bastante complicada, mas Paul não desiste e dá um jeito de encontrar o pai escritor em um posto de gasolina. Desse ponto em diante, ele não vai sossegar enquanto Léo não ouvir o que ele tem a dizer.
Na vida fora das telas, Depardieu e Guillaume têm uma convivência conturbada. O pai tem fama de ser difícil, abusar da bebida e ignorar a família. O filho se envolveu com heroína, foi preso pelo menos duas vezes e sofreu um acidente de moto que resultou em uma perna amputada em junho de 2003. Eles chegaram a romper relações no mesmo ano a mídia, claro, tripudiou sobre a história.
A maneira como o filme procura dialogar com a vida pessoal dos Depardieu é o que há de mais interessante. Porém, a história escrita pelo diretor Jacob Berger logo descamba para situações insólitas e diálogos embaraçosos.
Durante a viagem, Léo se envolve em um acidente e é dado como morto. Paul se aproveita da situação, com o pai atordoado, e o seqüestra. Ele o amarra usando uma fita adesiva que diz "frágil" até nos detalhes o filme de Berger é risível.
Sem outra saída, Léo acaba ouvindo o filho passar a limpo um passado traumático. Obcecado pela literatura, o pai chegava a extremos de quase afogar o filho porque este havia destruído um manuscrito, provavelmente para chamar a atenção.
Meu Pai, Meu Filho tem um ou dois momentos muito bons. Um deles acontece quando Léo lembra o filho de que ele também tem uma personalidade difícil, é egocêntrico tanto quanto o pai e parece incapaz de se livrar da influência paterna e caminhar pelas por si só.
O desfecho é exagerado e beira o melodrama televisivo: a filha, frustrada pela indiferença do pai e aos berros, tenta o suicídio. Para coroar um filme medíocre feito de personagens bidimensionais, Depardieu aparece no piloto automático. Como tem feito há anos, aliás. G
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