Dois anos depois da estréia do vencedor do Oscar "A vida dos outros", a Alemanha Oriental e sua polícia secreta, a Stasi, estão em foco novamente em um filme que examina a perseguição de um importante ciclista.

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Enquanto o filme de 2006 era a história fictícia de um oficial da Stasi que acaba desenvolvendo sentimentos de compaixão por suas vítimas, o documentário "Sportsfreund Loetzsch" conta uma história verdadeira.

Wolfgang Loetzsch, que já foi aclamado como o mais talentoso ciclista de sua geração, foi cortado da equipe nacional, condenado ao ostracismo, perseguido e até preso por ter se recusado a participar do Partido Comunista.

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"A história de Loetzsch é um retrato da Guerra Fria", disse o diretor Sascha Hilpert, que espera garantir acordos para direitos internacionais quando o filme for exibido neste mês no Festival de Cinema Split, na Croácia.

"Ele foi um herói para as pessoas na Alemanha Oriental. Sobre o que era o filme 'A Vida dos Outros'? Eu acho que histórias reais são às vezes mais incríveis que as fictícias", disse ele à Reuters em uma entrevista.

Hilpert afirmou que a história trágica de Loetzsch deveria iluminar aqueles que sentem nostalgia pela Alemanha Oriental.

Nascido em 1952, Loetzsch venceu 500 corridas de ciclismo no final dos anos 1960 e início dos anos 1970, conseguindo tanta confiança que era considerado como o futuro campeão mundial e olímpico.

Mas ele se recusou a se juntar ao Partido Comunista que governava a Alemanha Oriental e foi assim impedido de participar dos Jogos Olímpicos de 1972 em Munique. Loetzsch disse que não estava interessado em política e negou seu ingresso no partido por princípios.

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"Eu só não queria participar do partido", disse Loetzsch, que admite no filme que é naturalmente teimoso e difícil. "Eu fui ingênuo de pensar que eles não sonhariam em me impedir de ir às Olimpíadas somente porque eu era o melhor ciclista".

Cinquenta oficiais da Stasi trabalharam em seu caso mas ele continuou treinando sozinho e ainda assim venceu os melhores ciclistas em corridas na Alemanha Oriental, onde ainda podia competir.

Depois que um jornal do país publicou um artigo sobre Loetzsch, ele foi preso por 10 meses em 1977 como um "inimigo do Estado". Quando foi solto, Loetzsch ainda superou outros ciclistas em corridas e se tornou uma figura popular para os alemães orientais.

O filme, uma produção muito bem equilibrada que inclui trechos de entrevistas com o major da Stasi que conduziu o caso de Loetzsch, tem obtido sucesso em cinemas alemães desde sua estréia no mês passado.

"Não foi fácil fazer com que ele participasse", disse Hilpert, que co-dirigiu o filme com Sandra Prechtel. "Mas no final ele participou e acho que ele merece muito respeito por isso."

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