Filme “Serra Pelada” conta sonho dos garimpeiros

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No começo dos anos 1980, a extração de ouro em Serra Pelada, no Pará, era notícia corriqueira nos jornais e telejornais do Brasil. A descoberta de grandes quantidades do metal dourado na região no Norte do país motivou a ida de milhares de pessoas para o local em busca do sonho de enriquecer. O drama humano imperou durante mais de dez anos. Homens ganharam muito dinheiro. Alguns perderam o que receberam pelas pepitas de ouro no mesmo dia. Violência, ganância e desilusão eram presença constante no dia a dia daqueles brasileiros.

Serra Pelada, o filme, faz um recorte para contar para às novas gerações o que foi Serra Pelada, o garimpo de onde, oficialmente, foram extraídos 30 toneladas de ouro (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo). A reconstituição da montanha que virou um buraco de 100 metros de profundidade no interior de São Paulo impressiona. Dá pra sentir o flagelo daquelas pessoas, e ter uma noção do que era viver em um local como aquele, onde a vida era ceifada por muito pouco.

Dois amigos

O longa-metragem de Heitor Dhalia (O Cheiro do Ralo), que estreia nesta sexta-feira, é centrado em dois amigos que partem de São Paulo em busca do sonho dourado no interior do Pará. Joaquim (Júlio Andrade, de Gonzaga – de Pai pra Filho) deixa a mulher grávida na capital paulista e promete voltar só depois de ficar rico. Juliano (Juliano Cazarré, o Ninho da novela global Amor à Vida) busca dinheiro e poder, mas sem muito a perder.

Com cenas carregadas de ação e emoção, o filme mostra a ascensão e queda dos amigos numa terra sem lei, ambos entorpecidos pelo brilho do ouro. De "formiguinhas" até "donos" de glebas dentro do garimpo, Juliano e Joaquim vão abrindo espaço dentro de Serra Pelada até montarem um império.

Destaque

A participação de Wagner Moura, com uma calvice protuberante, é o grande destaque do filme. Moura dá vida a Lindo Rico, um garimpeiro esperto e violento, que sabe usar a lábia para conquistar o império montado por Juliano e Joaquim e subir na hierarquia de Serra Pelada. Moura é coprodutor do filme.

Já a presença da global Sophie Charlotte (a Amora da novela Sangue Bom) como a prostituta Teresa, disputada por Juliano e o poderoso Carvalho (Matheus Nachtergaele) fica devendo. A atriz não conseguiu empregar a densidade que a personagem merecia e pedia. Numa região sem lei e controle, onde o dinheiro atraía todo tipo de aventureiro, a Teresa de Sophie não convence. Nada que diminua o valor social do filme.