As coisas não estão nada fáceis para os cineastas israelenses Eytan Fox e Gal Uchovsky, cujo filme, "The bubble" (A bolha), fez sua estréia internacional esta semana no Festival de Cinema de Toronto.
A história de amor homossexual entre um israelense e um palestino afastou o público conservador em Israel e em outros países. Além disso, europeus de tendência esquerdista estão furiosos com os ataques de Israel contra o Líbano e não têm o menor interesse em assistir a filmes israelenses.
O longa, que tem uma forte mensagem pacifista, estreou em Israel poucas semanas antes do início da guerra contra o Hizbollah. Quando os combates começaram, em julho, a maioria dos cinemas fechou.
- Não é um filme fácil de se fazer. As pessoas em Israel não dizem: "Que lindo, adoramos". E aí você vai para o mundo e o mundo também o odeia. É duro - disse Uchovsky, autor do roteiro e produtor da obra, que foi dirigida por Fox.
Passado na "bolha" de Tel Aviv - uma cidade que parece isolada do resto do país -, o filme representa metade da presença israelense no festival de Toronto, já que há apenas duas obras de Israel.
O filme é bem mais político - e bem mais gay - que o trabalho anterior de Fox, "No limite" ("Walk on water"), uma comédia tragicômica sobre as complexas relações entre israelenses, alemães e palestinos, que se tornou o filme israelense que mais faturou.
O novo filme enxerga a "atormentada região" do Oriente Médio, nas palavras do diretor, pelos olhos de Noam, que mora em Tel Aviv, e de Ashraf, da Cisjordânia palestina, numa história de amor constantemente permeada pela política.
Mas Fox disse à Reuters que as questões enfocadas, como o amor gay, os militantes suicidas e os mal-entendidos culturais, são coerentes com aquelas que ele e Uchovsky vêm tratando em sua carreira de cineastas.
- Estamos tratando de assuntos explosivos e assuntos que não são muito fáceis de engolir em todos os nossos filmes. Os filmes atingiram as pessoas e criaram compreensão entre elas - disse ele, admitindo sonhar que um dia o longa possa ser exibido em países árabes.
Mas, por enquanto, o grande desafio é encontrar festivais dispostos a exibir qualquer tipo de filme israelense, em meio a um forte sentimento pró-palestino, especialmente na Europa, e ao desagrado que a campanha contra o Hizbollah no Líbano causou.
- Durante a guerra e depois dela, festivais de cinema cancelaram a exibição de filmes israelenses por causa do sentimento negativo contra Israel. Consigo entender algumas dessas emoções e me identifico com algumas - disse Fox - Acho que eles cometeram um erro, porque é nossa obrigação fazer filmes. É nossa obrigação usar o filme como um meio de diálogo, mesmo nos piores momento, quando as pessoas estão cometendo erros terríveis - acrescentou.
O filme tinha o título preliminar de "Romeo and Julio". Mas a Fox trocou o nome para "The bubble" para refletir melhor o que está acontecendo hoje em Israel.
- Soava meio antiquado, e não queríamos nos limitar apenas à história de amor - disse o diretor.
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