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O 57º Festival Internacional de Cinema de Berlim foi inaugurado nesta quinta-feira (8) em clima sentimental, com a exibição do filme francês "La Môme - La Vie en Rose", que retrata a trágica existência da cantora Edith Piaf, interpretada pela atriz francesa Marie Cotillard, possuída pelo personagem. O filme dirigido por Olivier Dahan, de 39 anos, e com excelente direção fotográfica de Tetsuo Nagata, foi muito bem acolhido pela crítica, e não deixou os espectadores indiferentes em seus 140 minutos de duração.

"La môme", que adotou o título de uma das célebres canções de Piaf, "La Vie en Rose", para sua difusão internacional, é um dos quatro filmes franceses que competirão ao Urso de Ouro e aos Ursos de Prata da mostra berlinense. O filme evoca sem rodeios os momentos mais dramáticos da vida desta artista, falecida em 1963, aos 47 anos.

Abandonada pela mãe alcoólatra, criada em um bordel, levada depois pelo pai, que era artista de circo, a pequena Edith não teve uma vida fácil. Aos 20 anos, cantava nas ruas de Paris por alguns trocados, embebedando-se com a amiga Momone (Sylvie Testud). O diretor de cabarés Louis Leplée (Gérard Depardieu) a descobre em Montmartre e a leva para apresentá-la no palco de sua casa. Será ele quem dará à jovem Edith Giovanna Gassion o nome que a imortalizou: Edith Piaf, o "pardal de Paris".

Com seus primeiros álbuns, alcançou sucesso e renome internacionais. Mas a menina se transformou em uma artista desgarrada, cujos excessos consumiriam em breve sua saúde frágil. Marion Cotillard, que atuou recentemente ao lado de Russel Crowe, em "Um Bom Ano", de Ridley Scott, teve que se transformar completamente para interpretar Piaf dos 20 aos 47 anos.

Com os cabelos curtíssimos no topo da cabeça para ficar mais parecida com a cantora, a atriz passou até cinco horas diante do espelho, maquiando-se para ocultar suas feições juvenis e recriar o rosto pálido de Piaf em sua agonia. Assim, Cotillard conseguiu dar vida nova ao mito do "pardal de Paris", com sua forma de falar, os gestos e até os movimentos corporais, especialmente em seus últimos anos de vida, após a morte de seu grande amor, o boxeador Marcel Cerdan (Jean-Pierre Martins), o que provavelmente pode lhe render um prêmio neste festival.

Entre os quase dois mil convidados especiais estiveram na festa de abertura da mostra o ator mexicano Gael García Bernal, além de Olivier Dahan, Marion Cotillard, Sylvie Testud, Emmanuelle Seigner e Jean-Pierre Martins. Assim como o cineasta americano Paul Schrader, presidente do júri, assim como os diretores alemães Volker Schloendorff, Wim Wenders e Margarethe von Trotta.

Além de "La Môme - La Vie en Rose", outros 21 filmes concorrem pelo Urso de Ouro e os Ursos de Prata da Berlinale, cuja seção oficial inclui o brasileiro "O Ano em que Meus Pais saíram de Férias", de Cao Hamburger, que estréia nesta sexta-feira (9).

Também estrearão nesta sexta-feira no histórico teatro Admiralpalast a versão restaurada da série de TV "Berlim Alexanderplatz", obra-prima do cineasta Rainer Werner Fassbinder. Na ocasião, serão exibidos apenas os dois primeiros capítulos. A obra completa, com 15 horas de duração, será exibida em 17 de março no centro de arte Kunst-Werke de Berlim, conjuntamente com uma exposição especialmente dedicada aos 25 anos da morte do cineasta alemão.

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