| Foto: Divulgação

O filme “Right Now, Wrong Then”, do sul-coreano Hong sang Soo (de “Ha ha ha” e “A Visitante Francesa”), levou neste sábado (15) o Leopardo de Ouro, prêmio máximo do Festival de Locarno (Suíça), um dos principais do mundo.

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O longa-metragem, exibido na reta final da competição, retoma a estrutura narrativa de predileção do cineasta asiático: de um encontro fortuito entre um homem e uma mulher nasce uma paixão fulminante, uma incandescência que não raro se consome num intervalo de algumas horas.

Aqui, o mote é acrescido de um “gimmick”, um efeito de roteiro: a história do encantamento do cineasta Han Chun-su (óbvio alter ego do diretor) pela pintora Hee-jung é narrada duas vezes, com sutis alterações que mostram como frases ou gestos aparentemente arbitrários podem impactar a interação entre dois desconhecidos.

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Intérprete de Chun-su, Jung Jae-Young foi agraciado com o troféu de atuação masculina.

O júri da Competição Internacional, principal seção do festival, concedeu ainda um prêmio especial ao interessante longa israelense “Tikkun”, de Avishai Sivan, sobre o descarrilamento psicológico de um jovem judeu ultraortodoxo depois de uma experiência de quase morte. A obra também teve sua fotografia reconhecida.

O polonês radicado na França Andrzej Zulawski foi apontado melhor diretor por “Cosmos”, seu primeiro filme em 15 anos. A produção é uma adaptação de um romance de Witold Gombrowicz e acompanha dois jovens em uma incursão soturna a uma casa na floresta onde tem início uma sucessão de enforcamentos.

O filme japonês “Happy Hour”, de Ryusuke Hamaguchi, recebeu o prêmio de interpretação feminina, dividido entre as suas quatro protagonistas, além de uma menção especial por seu roteiro, que mostra os ecos do divórcio de uma mulher sobre o seu relacionamento com três amigas.

Ausentes da lista de premiados estão dois dos longas mais comentados da competição principal.

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São eles o estonteante “Bella e perduta”, do italiano Pietro Marcello, que emparelha commedia dell’arte (na figura de um Polichinelo viajante do tempo) e documentário (na de um cuidador solitário de uma majestosa propriedade aristocrática abandonada); e o grego “Chevalier”, de Athina Rachel Tsangari (a mesma de “Attenberg”), “buddy movie” sobre amigos que embarcam num iate para uma perigosa competição de força e resistência.

COMPETIÇÃO PARALELA

Na aba dedicada a primeiros e segundos filmes, chamada Cineastas do Presente, o júri presidido pelo brasileiro Júlio Bressane concedeu ao indiano “Thithi”, de Raam Reddy, o prêmio máximo. O longa segue três gerações de uma família do sul do país nos momentos que sucedem à morte do patriarca do clã.

Já o prêmio especial desse júri foi atribuído ao espanhol “Dead Slow Ahead”, de Mauro Herce, ensaio sobre o funcionamento maquinal (e alheio à escala humana) de um grande cargueiro a cruzar o oceano.

O cinema brasileiro, que concorria nessa seção com “Olmo e a Gaivota”, de Petra Costa e Lea Glob, e na competição de curtas-metragens (com dois títulos), saiu sem prêmios dessa edição de Locarno.

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