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Felicity Huffman ganhou o Globo de Ouro por "Transamérica", mas perdeu o Oscar para Reese Witherspoon por "Johnny e June". Injustiça. Ela dá um extraordinário banho de interpretação com nuances que Reese não chega nem perto. O filme estreou sexta-feira no Rio de Janeiro, com seis meses de atraso, depois de boa performance para um longa independente na América do Norte, onde arrecadou US$ 8,7 milhões para um custo de US$ 1 milhão.

O diretor e roteirista Duncan Tucker estréia muito bem num longa que trata do desajuste familiar e social com bom humor. Felicity é o transexual desesperado Sabrina Bree Osbourne, vítima de disforia de gênero, distúrbio causado pela inadequação entre o aspecto físico e a personalidade. Ela não parece nem de longe a Lynette de "Desperate housewives", devidamente 'barangada' pela maquiagem, adquirindo uma aparência dúbia e uma voz grave abafada. Em entrevistas, ela explicou que os hormônios usados pelos transexuais não mudam a voz, daí uma dificuldade em achar uma voz feminina. Ela conviveu com alguns transexuais para fazer o papel e teve uma consultora no set de filmagem.

Bree nasceu Stanley Osbourne, se descobriu mulher e está às vésperas de cirurgia que vai emasculá-lo, completando uma transformação que se arrasta por anos com tratamento de hormônios. De repente, o inesperado bate à porta com um telefonema em busca de Stanley por um jovem chamado Toby (Kevin Zegers), que diz ser filho dele e estar num reformatório em Nova York, de onde precisa ser resgatado.

Bree vive em Los Angeles e não tinha a menor idéia de que tinha um filho, nascido de um relacionamento na faculdade descrito como "pateticamente lésbico". Ele tenta ignorar o filho, mas a psicóloga que deve liberar a cirurgia se recusa a autorizá-la sem que ele se acerte com seu passado.

Daí Bree vai a Nova York com intenção de se livrar de Toby, sem revelar a paternidade. Mas o jovem lhe diz que a mãe morreu de enfarte e que deseja ir para Los Angeles trabalhar em filmes pornográficos, a partir da prática como garoto de programa nas ruas de Nova York. Daí, Bree e Toby começam uma jornada de carro que atravessa o país rumo a Los Angeles, expondo as contradições da moral puritana da América. Um transexual conservador escandalizado com o filho prostituto e mal educado, é discriminado por sua família do Meio Oeste, uma mãe caricatural em luta contra os estragos da idade, um pai largadão e submisso e uma irmã trintona sócia de carteirinha dos Alcoólicos Anônimos. Imperdível.

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